Departamento anticartel proíbe preços baixos da Lufthansa a Berlim
19 de fevereiro de 2002.Para os consumidores é sempre bom quando os preços caem e as autoridades anticartel, que defendem a livre concorrência, deveriam estar satisfeitas com isso. No entanto, na disputa entre a companhia aérea Lufthansa, a líder do mercado alemão, e a pequena concorrente Germania, o Departamento Federal Anticartel curiosamente acabou se posicionando contra a política de baixos preços da Lufthansa. A partir de agora, ela só pode oferecer passagens de Frankfurt a Berlim que custem pelo menos 35 euros a mais do que as da Germania. Isso é o que pretende impor o departamento, mas a última palavra caberá aos tribunais, pois a Lufthansa anunciou que vai comprar a briga.
Agressividade contra as pequenas
- O presidente da repartição federal, Ulf Böge, acusou a Lufthansa de usar uma estratégia agressiva para afastar do mercado concorrentes menores. "Os consumidores estão sendo prejudicados a longo prazo" por essa estratégia, segundo Böge. A líder do mercado só abaixa seus preços quando entra uma concorrente em jogo e, depois de eliminá-la, torna a aumentá-los. Os passageiros saem perdendo com isso, pois em vez de contarem com duas ofertas baratas de vôos, depois têm de aceitar o preço único e alto da vencedora da batalha nos céus.Go-fly já foi eliminada dos céus
- Isso seria um monopólio de fato, segundo Böge, que lembrou também o caso da Go-fly. Essa linha aérea quis fazer concorrência à Lufthansa no trajeto Munique - Londres, vendendo passagens pelo equivalente a 95 euros em 1998. A Lufthansa baixou seus preços, sempre acompanhando os da Go-fly, até forçá-la a suspender suas atividades em março de 2000. Uma companhia grande pode se dar ao luxo de oferecer preços de dumping num trajeto, mas para uma pequena como a Go-fly, acumular altos prejuízos significou o fim. Como a Germania já está com dificuldades de cobrir seus custos, o departamento determinou que a medida contra a Lufthansa entrasse em vigor de imediato.Lufthansa vai à Justiça
- Um porta-voz da Lufthansa anunciou que a empresa discorda da decisão e pretende usar todos os recursos jurídicos contra ela. Nos próximos dias tentará obter uma liminar adiando a sua reformulação dos preços. O porta-voz criticou a decisão das autoridades anticartel, acusando-as de interferirem na política de preços da companhia aérea, que estaria de acordo com as regras da União Européia.O departamento não teria razão em referir-se a uma "posição de monopólio" da Lufthansa, uma vez que o automóvel e o trem também fazem concorrência à linha aérea. Além do mais, a oferta de passagens a preços mais baixos abrangeria apenas de 5 a 10% do total de passagens no trajeto Frankfurt - Berlim.