De vento em popa
20 de dezembro de 2002No Estado de Schleswig-Holstein, no norte do país, o vento chega a suprir um quarto do consumo de energia. Esse caso, porém, é uma exceção. Mesmo assim, é notório o progresso nos últimos anos. Em 1998, quando tomou posse a coalizão de governo integrada pelo Partido Social Democrático e o Verde, as fontes de energias renováveis tinham uma participação insignificante no contexto nacional. A energia eólica, por exemplo, representava apenas 1% da necessidade energética do país.
Desde 1998, a capacidade dos cataventos quadruplicou e a energia eólica tem hoje uma parcela de 3,5% no abastecimento total. O sucesso se deve, em grande parte, aos programas estatais de incentivo às fontes renováveis.
Segundo parque offshore
Na última quarta-feira (18), as autoridades deram luz verde a mais um grande projeto: um parque offshore de cataventos. Com o início da construção marcado para 2004, o parque, localizado perto da ilha de Sylt, no Mar do Norte, terá uma extensão de 37 quilômetros e 80 cataventos. A previsão é que passe a fornecer energia a partir de 2006, abastecendo 200 mil domicílios.
Com 240 megawatts de potência, ele é o segundo projeto em alto-mar - para além das 12 milhas marítimas - aprovado na Alemanha. O Departamento Federal de Navegação e Hidrografia levou dois anos examinando o impacto ambiental do parque offshore sobre a fauna da região e se ele prejudicaria o turismo em Sylt - um dos refúgios de verão da burguesia alemã. E acabou concluindo que o novo parque não contraria os interesses de defesa da natureza, como temiam ONGs ambientalistas.
Calmaria à vista?
O boom da energia eólica na Alemanha, no entanto, pode estar chegando ao fim. Diante das dificuldades com o orçamento, o governo federal pretende rever a lei de fomento às fontes de energia renováveis e diminuir os incentivos à energia eólica, segundo o porta-voz do Partido Verde para política ambiental, Winfried Hermann. "Os cataventos, nesse meio tempo, são tão rentáveis que já não é mais preciso subsidiá-los com tanto dinheiro do Estado", disse em recente entrevista.
Por isso, os construtores de cataventos já não esperam tão altas taxas de crescimento do setor em 2003. "Contamos com uma estagnação em alto nível no ano que vem", disse Christian Hinsch, da Federação das Indústrias de Energia Eólica. Se este ano a capacidade na Alemanha teve um acréscimo de 3 mil megawatts, ele espera das novas instalações em 2003 uma potência de 2500 a 3000 megawatts.