Dallagnol e Moro teriam comemorado apoio de Fux à Lava Jato
13 de junho de 2019O editor-executivo do The Intercept Brasil, Leandro Demori, divulgou nesta quarta-feira (13/06) um novo trecho das mensagens atribuídas ao coordenador da força-tarefa da operação Lava Jato, Deltan Dallagnol, e ao ex-juiz e atual ministro da Justiça, Sergio Moro.
O trecho, que se soma ao conteúdo divulgado no último domingo pelo site, seria do dia 22 de abril de 2016. Nele, Dallagnol relata a Moro uma conversa que teve com o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), que teria declarado apoio à Lava Jato e ao então juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, responsável pelos processos da operação.
No trecho divulgado por Demori em entrevista à rádio BandNews, Dallagnol afirma que Fux o relatou uma "queda de braço" entre Moro e o então ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki, que na época era o relator da Lava Jato no STF.
"O Min Fux disse quase espontaneamente que Teori fez queda de braço com Moro e viu que se queimou, e que o tom da resposta do Moro depois foi ótimo. Disse para contarmos com ele para o que precisarmos, mais uma vez", disse Dallagnol nas mensagens que, segundo o Intercept, foram enviadas primeiramente a um grupo de procuradores e, mais tarde, repassadas a Moro.
"Só faltou, como bom carioca, chamar-me pra ir à casa dele rs. Mas os sinais foram ótimos. Falei da importância de nos protegermos como instituições", disse o coordenador da força-tarefa da Lava Jato, sugerindo que essa proteção deveria ser reforçada "principalmente no novo governo".
Essa última frase seria uma referência ao governo do presidente Michel Temer, já que a conversa teria ocorrido dias antes do impeachment da então presidente Dilma Rousseff, no dia 12 do mês seguinte.
"Excelente. In Fux we trust", respondeu Moro fazendo uma referência ao lema americano "In God we trust" ("Em Deus confiamos"). "Kkk", respondeu o procurador.
Um mês antes do diálogo entre Moro e Dallagnol ter supostamente ocorrido, Teori havia determinado que Moro enviasse ao STF as investigações da Operação Lava Jato envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, após o então juiz divulgar interceptações de conversas telefônicas entre Lula e Dilma.
O governo federal havia pedido ao STF que julgasse a ilegalidade da divulgação das escutas feitas pela Polícia Federal, uma vez que a presidente tinha foro privilegiado no tribunal.
Teori criticou Moro, afirmando que eram relevantes os fundamentos que classificavam de ilegítima a decisão do juiz, já que ele não tinha competência para tomar uma decisão envolvendo autoridades com prerrogativa de foro.
Uma semana depois, Moro enviou um ofício ao STF pedindo desculpas pelas consequências da retirada do sigilo das escutas telefônicas. Ele justificou a decisão de tornar públicas as conversas afirmando que elas revelaram uma tentativa de obstruir a Justiça, e que agiu com base na Constituição.
É possível que o ofício enviado por Moro seja a resposta a que Fux se referia, ao ser citado por Dallagnol nas mensagens atribuladas ao procurador. Teori morreu em 2017 em um acidente aéreo.
RC/ots
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