DaimlerChrysler espera dobrar lucro após saneamento parcial
10 de abril de 2002O saneamento da Chrysler, baseado numa drástica redução de pessoal, começa a mostrar efeitos positivos. Depois de operar com prejuízo durante seis trimestres, a subsidiária americana do conglomerado DaimlerChrysler deverá obter um pequeno lucro no primeiro trimestre de 2002. Esta foi a boa notícia comunicada aos 9.500 acionistas presentes à assembléia geral de Berlim, pelo presidente da multinacional, Jürgen Schrempp.
Em 2002, a DaimlerChrysler deverá obter mais que o dobro do lucro operacional do ano passado, que foi da ordem de 1,3 bilhão de euros – muito abaixo da previsão feita em fevereiro de 2001 pela direção da empresa. Na ocasião, ainda se falava na obtenção de um lucro entre 5,5 e 6,5 bilhões de euros. O mau desempenho da Chrysler e a crise econômica decorrente dos atentados terroristas de 11 de setembro são vistos como as principais causas da enorme queda dos lucros previstos.
Jürgen Schrempp ressaltou que a Chrysler deverá obter um resultado equilibrado no ano de 2002. Os setores Mercedes-Benz e Smart deverão ampliar as respectivas cotas de mercado, propiciando um rendimento de alto nível. No primeiro trimestre deste ano, a venda de carros da Mercedes-Benz superou a marca de 264 mil unidades e atingiu assim um volume praticamente igual ao do mesmo período do ano passado. O setor Freightliner deverá começar a operar com lucro, a partir do final do corrente ano. Além disto, informou o presidente do conglomerado, a reestruturação da Mitsubishi está obtendo bons progressos. A DaimlerChrysler não tem, contudo, intenção de aumentar a sua participação na empresa japonesa.
Críticas dos acionistas
Schrempp reagiu com incompreensão às críticas dos acionistas, refutando a possibilidade de uma mudança na estratégia do conglomerado. A seu ver, não faz sentido reagir aos problemas operacionais com uma nova orientação estratégica.
A Associação Alemã dos Proprietários de Ações criticou o fato de que as ações da DaimlerChrysler só têm hoje a metade do valor das ações da Daimler Benz, antes da sua fusão com a empresa americana. O porta-voz da entidade, Jörg Pluta, conclamou à venda da Chrysler. Ele argumentou que, apesar dos progressos no saneamento, a Mercedes-Benz continua "alimentando" os setores americanos (Chrysler e Freightliner) e japonês (Mitsubishi), o que poderia constituir uma ameaça futura ao desempenho de todo o conglomerado.
Jörg Pluta criticou as "cabeças" na diretoria da DaimlerChrysler que se mantêm apegadas ao conceito de uma empresa automobilística de abrangência mundial. Segundo ele, a idéia estaria superada e seria necessário, por isto, uma mudança completa na diretoria do conglomerado.