Cúpula da UE sobre desemprego é ofuscada por diferenças entre membros
9 de outubro de 2014Os líderes da União Europeia não chegaram a um acordo nesta quarta-feira (08/10) sobre medidas para combater o crescente desemprego juvenil no bloco, em uma cúpula em Milão que acabou ofuscada pelas diferenças entre os países – sobretudo França, Itália e Alemanha – sobre política orçamentária.
O objetivo da reunião era discutir como melhorar os esforços para combater o desemprego, porém sem aumentar o valor destinado com esse fim para o biênio 2014/2015, atualmente em 6 bilhões de euros.
Enquanto a Alemanha insistiu que os bilhões de euros já destinados aos países em crise devem ser administrados de forma mais eficiente, o presidente da França, François Hollande, deixou claro que, na visão de Paris, o dinheiro não é suficiente.
"Um em cada quatro jovens na Europa está fora do mercado de trabalho", disse Hollande, ao fim da cúpula, ao pedir que a quantia seja elevada a 20 bilhões de euros.
Em resposta, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, afirmou que a questão não é sobre se o valor é suficiente ou não, mas sim sobre como fazer que o dinheiro flua adequadamente. Segundo ela, não é coincidência que um determinado país tenha maior desemprego que outro.
"Precisamos investir, mas temos que saber onde devemos investir. Precisamos determinar quais são as profissões do futuro e, depois disso, fazer os investimentos adequados", disse Merkel.
Críticas a países em crise
Ao ter a palavra durante a cúpula, o presidente do Parlamento Europeu, Marin Schulz, lembrou que já é a terceira reunião do tipo realizada – as outras duas foram em Berlim e Paris – sem que se chegue a qualquer avanço.
"O desemprego, em especial entre os jovens, continua sendo uma das questões mais dramáticas da UE", assinalou. "Os 6 bilhões de euros estão disponíveis, mas é preciso ser autocrítico, já que nem todos os fundos foram colocados em projetos específicos.
O desemprego na zona do euro afeta sobretudo os jovens. Em agosto, 3,3 milhões de menores de 25 anos estavam sem trabalho. Os países mais afetados são Espanha, Grécia, Itália e Croácia.
Entre as medidas previstas para combater o problema está a chamada "garantia juvenil", uma iniciativa para que todos os jovens menores de 25 anos recebam uma oferta de trabalho, estágio ou curso num prazo de quatro meses após o fim de sua formação ou início do período de desemprego. É para esse projeto que estão disponíveis os 6 bilhões de euros.
"Estamos perdendo uma geração inteira de europeus. Algo não está funcionando bem na Europa, num momento em que, desde 2008, tantos empregos vêm sendo destruídos", advertiu o premiê italiano, Mateo Renzi.
RPR/dpa/rtr