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Câmara começa análise do impeachment de Dilma

15 de abril de 2016

Em meio à crescente debandada de parlamentares da base aliada do governo, é aberta a primeira sessão do rito de votação que pode culminar no impedimento da presidente.

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Brasilien Demonstrationen im Unterhaus für die Amtsenthebung von Rousseff
Foto: Getty Images/AFP/E. Sa

O passo a passo do impeachment

Após o governo ser derrotado no Supremo Tribunal Federal (STF) em sua última cartada para barrar o processo de impeachment, a Câmara dos Deputados iniciou nesta sexta-feira (15/04) a primeira sessão do rito de votação que pode culminar no impedimento da presidente Dilma Rousseff.

A sessão foi aberta pontualmente às 8h55 (horário de Brasília), como estava previsto. Para esta sexta está previsto tempo para a denúncia de crime de responsabilidade contra a presidente e para a sua defesa. A seguir, o palanque passa a ser dos partidos com representação no Congresso.

Parlamentares pró-impeachment gritavam "Fora, Dilma" pouco antes do início da sessão, enquanto os governistas receberam o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no plenário com o grito de ordem "Fora, Cunha". Assim que a sessão foi declarada aberta houve gritos de "viva a democracia".

Em meio à crescente debandada de parlamentares de partidos da base aliada para uma posição favorável ao impedimento, o governo admite que está "lutando com suas últimas forças" para tentar segurar votos suficientes e impedir a aprovação da abertura de processo.

Dilma é acusada de cometer irregularidades orçamentárias como as chamadas "pedaladas fiscais". O governo nega irregularidades e diz que impeachment sem crime de responsabilidade equivale a um "golpe".

Cardozo ataca Cunha

O jurista Miguel Reale Jr., um dos autores do pedido de impeachment, fez ataques contra o governo em pronunciamento no plenário da Câmara, afirmando que houve um "golpe" quando Dilma mascarou a situação fiscal do país.

O passo a passo do impeachment

"Quero lhes dizer que golpe sim houve quando se sonegou a revelação de que o país estava quebrado. Golpe sim houve quando se mascarou a situação fiscal do país e continuaram a fazer imensos gastos públicos e tiveram que se valer de entidades financeiras controladas pela própria União para mascarar a situação da nação brasileira e do Tesouro Nacional”, afirmou, fazendo referência às chamadas "pedaladas fiscais".

o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, mirou em seu discurso, em tom inflamado, o presidente da Câmara, que, segundo ele, promoveu um ato "em retaliação ao PT".

"Esse processo de impeachment, se aprovado por essa Casa, provocará uma ruptura institucional e uma violência sem par. Esse processo teve início em um ato viciado, um ato nulo, um ato do presidente da Casa", afirmou.

Brasilien Brasilia Metallzaun vor Parlament
Muro construído na Esplanada para separar manifestantes no domingoFoto: Imago/Agencia EFE

Votação alternada

O governo tentou na quinta-feira suspender a votação do impeachment na Câmara ao apresentar uma ação ao STF com pedido de liminar, mas o plenário do Supremo, por um placar de 8 a 2, rejeitou o pedido.

A Advocacia-Geral da União (AGU) havia pedido a suspensão da votação até a análise pelo Supremo do mérito da ação, na qual pede a nulidade da maior parte dos atos tomados pela Câmara na tramitação do pedido de instauração do impeachment, apontando irregularidades e vícios no relatório do deputado Jovair Arantes (PTB-GO).

Os argumentos da AGU foram rejeitados, pois a maioria dos ministros do STF entendeu que o direito de defesa poderá ser exercido no Senado, que vai julgar – quando e se a Câmara aprovar a admissibilidade do processo de impeachment – se a presidente cometeu crime de responsabilidade.

Após os debates desta sexta, o rito seguirá pelo sábado, quando a sessão será aberta às 11h para que todos os deputados que se inscreveram na véspera para discutir o pedido de abertura de impeachment contra Dilma façam uso da palavra.

O processo culmina no domingo, com a votação da autorização da Câmara para a instauração do processo de impedimento, em que são necessários 342 votos para que o Senado seja autorizado a instaurar o processo de impeachment.

Cunha definiu que a votação no plenário seguirá a ordem Norte-Sul, alternada por estados. Assim, o primeiro estado a votar será Roraima, seguido do Rio Grande do Sul. Alagoas será o último. Dentro da bancada de cada estado, a ordem de votação dos deputados será alfabética.

RPR/rtr/ots