Cruzada pela música alemã
18 de dezembro de 2003Há tempos gravadoras, editores, produtores de música e lojas de CDs reclamam de queda contínua no faturamento, atribuindo o fenômeno sobretudo à pirataria e à retração no consumo causada pela crise econômica. Desde meados do ano, entretanto, algumas idéias para reverter a situação começam a ganhar formas concretas.
O primeiro passo foi oficializado nesta semana, com a criação em Berlim do Escritório de Exportação de Música Alemã (Deutsches Musikexportbüro ou German Music Export Office). A iniciativa une a Confederação das Empresas Fonográficas, a Federação das Gravadoras e Editoras Independentes, a feira de música Popkomm e o Conselho Alemão de Música. Os escritórios de direitos autorais Gema e GVL participarão de seu financiamento, assim como o governo federal em sua fase inicial.
O objetivo principal é a divulgação da Alemanha como centro produtor de músicas e a conquista do mercado externo, sobretudo o europeu. Produtos de selos de pequeno e médio porte e composições de pop e rock terão prioridade. Atualmente, a banda de rock pesado Rammstein, a cantora pop Nena e o grupo Die Toten Hosen despontam como os mais conhecidos no exterior, seguidos pela cantora de pop eletrônico Blümchen e o grupo de rock progressivo Kraftwerk.
Modelo francês
– A idéia do Escritório de Exportação não tem nada de pioneira. Ela já vem sendo aplicada com êxito na Holanda, Áustria, Espanha e principalmente na França. Desde o início de suas atividades em 1993, o Bureau d'Export de la Musique Française conseguiu a façanha de ampliar as vendas no exterior de álbuns com repertório francês de 4 milhões para 39,25 milhões em 2000.A França também serve de exemplo na regulamentação do mercado interno. Lá o governo interveio em 1995 para bloquear o processo de exclusão da música nacional e impôs uma cota de 40% para as execuções nas rádios. Na Alemanha, a presença de canções em alemão nos programas de música pop nas rádios não passa de 1,2%.
Música gravada como bem cultural
– Menos polêmica que esta opção parece ser o reconhecimento de singles e álbuns de música como bens culturais, assim como livros, e não mais como um produto meramente comercial. Neste caso, o Imposto sobre Valor Agregado (MwSt) cobrado na venda dos CDs poderá baixar de 16% para 7%.O setor acredita que a medida contribuiria para recuperar o mercado alemão de música, considerado o terceiro maior do planeta, após os Estados Unidos e o Japão. Em 2001, foram vendidos 245 milhões de unidades (CD, K-7 etc.), que representaram 2,4 bilhões de euros de faturamento. O ramo de música pop lidera os negócios, com 42,7%, seguido de rock (15,6%), dance-music (7,9%), música clássica (7,5%), música popular alemã (Schlager 7,3%), produtos para crianças (6,3%), música folclórica alemã (2,5%), jazz (1,8%) e outros (8,8%).