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Crise atinge mercado editorial

Gabriela Schaaf / sv7 de outubro de 2002

O número de expositores na Feira Nacional do Livro, de Frankfurt, sofreu forte queda. A maioria deles teve que abdicar da participação no evento em função de problemas financeiros. Outros vêm com estandes menores.

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Mercado sofre: até os leitores em recessãoFoto: AP

O consumidor alemão está contando seus euros. Isso pode ser sentido por todo o setor de vendas e, um pouco mais tarde, também pelo mercado editorial: o volume de negócios diminui cada vez mais, já podendo se falar em uma queda em torno dos 4%. A área mais atingida é a de livros de não ficcionais, cujo mercado de guias desmoronou completamente. Situação difícil para um setor acostumado a pequenos, porém constantes, crescimentos.

Concentrando no essencial –

A crise do mercado editorial tem, no entanto, uma longa história. Por muitos anos, seguiu-se o ditado: cada vez mais livros e todos produzindo tudo. Com isso, várias editoras tiveram que fechar sua portas em função da forte concorrência, enquanto outras acabaram sendo incorporadas aos gigantes do setor. Sigrid Löffler, crítica literária e editora da revista Literaturen, aponta, no contexto da redução do mercado, um processo necessário: "São editados livros em excesso, entre eles muitos dispensáveis e inúteis".

Poucos, mas melhores? –

Diversas editoras alemãs já assumiram a situação de crise. A S.Fischer, por exemplo, diminuiu seus lançamentos em 25% nos últimos dois anos. Com sucesso, pelo que parece. Voltar à "competência essencial" é a nova palavra mágica do setor: grupos como o Bertelsmann hesitam em lançar livros no mercado, enquanto editoras de jornais cogitam se devem ou não manter suas subsidiárias voltadas ao livro.

Feira também sofre –

Também a Feira do Livro de Frankfurt não passa ilesa pela crise. O evento registra, este ano, uma queda de 15% no número de editores e livrarias alemãs que participam do evento. Os altos custos de estandes e hotéis não podem mais ser pagos por muitos.

O presidente da Feira, Volker Neumann, teme até mesmo uma redução do número de visitantes. No último ano, já houve uma queda de 15%, considerando-se, no entanto, os efeitos imediatos do 11 de setembro. Neumann tem às mãos novos planos: "Penso que temos que procurar parceiros e alianças estratégicas, como já fazemos, por exemplo, há anos, com a rede ferroviária alemã (Deutsche Bahn AG) no Dia Mundial do Livro.

Perfil através de países –

A tão almejada competência essencial está diretamente ligada a um perfil definido da Feira, que deverá ser acentuado com a continuidade da linha temática que privilegia a cada ano a produção literária de um determinado país. Neumann defende a concepção do "perfil através dos países", idéia rejeitada por seu sucessor na direção da Feira.

A Lituânia, um país consideravelmente pequeno, é o tema da Feira este ano. Em 2003 será a vez da Rússia, país de dimensão gigantesca que poderá atrair um número maior de visitantes. No futuro, outro ponto de atração do evento deverá ser o congresso "Futura Mundi", que deverá tratar dos efeitos da globalização. Aí, pretende-se construir pontes interculturais, que deverão contribuir para um maior entendimento entre os povos.

Em poucas palavras, a principal regra do mercado editorial no momento dita uma flexibilidade maior em relação às novas condições, o que é saudado por vários profissionais da área. Pois agora o setor necessita de uma boa dose de fantasia. Procura-se entusiastas: editores, livreiros e leitores, para os quais o livro é antes um valor cultural que uma simples mercadoria.