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Correio alemão é acusado de vender dados para partidos

2 de abril de 2018

Segundo reportagem do "Bild", Partido Liberal Democrático e a CDU da chanceler federal Angela Merkel compraram um bilhão de dados de clientes na última campanha. Deutsche Post nega qualquer irregularidade.

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Deutsche Post DHL Konzernzentrale, Bonn
Foto: picture-alliance/dpa/D. Kalker

A Deutsche Post Direkt, uma subsidiária da empresa alemã de serviços postais Deutsche Post, vendeu dados de clientes para partidos políticos alemães, apontou uma reportagem da edição dominical do jornal Bild.

Segundo a publicação, legendas como o Partido Liberal Democrático (FDP, na sigla em alemão) e a União Democrata Cristã (CDU) da chanceler federal Angela Merkel compraram mais de "um bilhão de dados pessoais" de 34 milhões de residências – um total de cem categorias, que incluem informações de hábitos de compras, sexo e idade – coletados pela subsidiária.

Embora os dados não incluam nomes, com tais informações sobre hábitos e características em mãos, partidos políticos podem direcionar com menor esforço suas campanhas publicitárias, focando em eleitores mais promissores. 

Ainda segundo o Bild, a Deutsche Post já vinha oferecendo dados de eleitores a partidos políticos desde 2005, e a CDU e o FDP teriam gasto "quantias de cinco dígitos" na aquisição de tais dados antes das eleições nacionais alemãs em setembro passado.

Outro lado

Em resposta, a Deutsche Post insistiu que nunca vendeu detalhes de endereços ou "domicílios" individuais, e que os dados que oferece aos clientes – chamados pela empresa de microcélulas – garantem o anonimato e se limitam a apontar "probabilidades estatísticas". A empresa salienta que adere às rigorosas leis de proteção de dados da Alemanha.

No site da Deutsche Post Direkt, a empresa indica que oferece serviços que indicam públicos-alvo para seus clientes, incluindo informações "sócio-demográficas". "Você quer conquistar novos clientes em um mercado altamente competitivo com a ajuda de mala direta?", questiona o site, que diz possuir um banco de dados com 46 milhões de residências pelo mundo.

Recentemente, a rede social Facebook foi criticada por não proteger os dados de mais de 50 milhões de usuários. Os dados foram usados para promover projetos políticos conservadores, incluindo a campanha do Brexit e a vitória do presidente Donald Trump nos EUA.

A CDU confirmou que comprou dados da Deutsche Post para ajudar em suas campanhas porta a porta. Segundo o partido, os dados eram anônimos, sem indicações de nomes ou com maiores detalhes. A sigla ainda insistiu que "todas as atividades digitais da CDU estão sujeitas aos regulamentos relevantes de proteção de dados".

O Partido Liberal Democrático também alegou o mesmo, dizendo usar somente dados anônimos em sua campanha eleitoral. O político do FDP, Marco Buschmann, disse no Facebook que os dados que o partido comprou da Deutsche Post "indicam apenas uma probabilidade, onde podemos encontrar um eleitor inclinado para o FDP".

Microssegmentação restrita

A prática de comprar dados para personalizar as campanhas eleitorais não é nova na Alemanha, mas a prática da microssegmentação, na qual os dados são extraídos para indicar indivíduos-alvo, é restrita no país devido aos rígidos regulamentos de privacidade da UE.

Nas últimas eleições, vários partidos lançaram mão de campanhas direcionadas. A União Social-Cristã (CSU), braço bávaro da CDU, direcionou propagandas no Facebook para a conservadora comunidade russa-alemã da Bavária com propagandas políticas contra o "multiculturismo". Já o FDP direcionou propagandas para eleitores que assinam a Netflix. Já o partido A Esquerda enviou correspondências para residências em áreas que votaram nos populistas de direita da Alternativa para a Alemanha (AfD).

JPS/dpa/afp

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