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Via Láctea

7 de junho de 2011

Baseado no mundo das crianças cegas e nas percepções do não-ver, o coreógrafo potiguar Clébio Oliveira encena, ao lado da argentina Mercedes Appugliese, seu primeiro espetáculo depois que se mudou para a capital alemã.

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Milchstraße: Tanzstück von Clébio Oliveira. Studiotermin bei Máni Thomasson. Auf dem Bild Clébio Oliveira und Mercedes Appugliese. Foto: Máni Thomasson. 03.04.2011, Berlin
Os bailarinos Clébio Oliveira e Mercedes AppuglieseFoto: Máni Thomasson

Não basta ver para sentir. Com isso todos concordam, mas isso se aplica a um espetáculo de dança? A arte deve instigar, aguçar os sentidos. No caso da dança, é necessário vê-la para conseguir entender sua expressão.

É esse ponto complexo e delicado que o espetáculo Milchstrasse (Via Láctea) do coreógrafo brasileiro Clébio Oliveira aborda. O ponto de partida não é a deficiência visual em si, mas o universo de sons, sentidos, dependência e sombras que envolve as pessoas que não podem ver.

Apesar de o espetáculo ter se tornado realidade na Alemanha, o interesse de Clébio por esse universo começou quando ele ainda estava no Brasil, aguardando seu visto para vir para a Alemanha. Nessas semanas de espera ele começou a pesquisa que daria origem ao espetáculo.

Clébio passou uma semana visitando o Instituto Benjamin Constant, no Rio de Janeiro, onde pôde observar e interagir com deficientes visuais. Seu foco eram principalmente as crianças e os processos de aprendizado e comunicação. "Queria fazer um trabalho em cima de quem não pode ver, principalmente as crianças. O mundo infantil tem um colorido diferente e muito rico. Tento colocar sempre esse universo no meu trabalho", diz Clébio.

Paixão por Berlim

Milchstraße: Tanzstück von Clébio Oliveira. Studiotermin bei Máni Thomasson. Auf dem Bild Clébio Oliveira und Mercedes Appugliese. Foto: Máni Thomasson. 03.04.2011, Berlin
O espetáculo foi inspirado no mundo dos deficientes visuaisFoto: Máni Thomasson

O coreógrafo trocou o Rio de Janeiro por Berlim em 2008. Essa paixão pela cidade surgiu no ano anterior, quando ele ainda fazia parte da companhia da coreógrafa Deborah Coker. "Já havia visitado a Alemanha algumas vezes com outros espetáculos, mas foi minha primeira vez em Berlim e me apaixonei", diz o bailarino.

De volta ao Brasil, ele saiu da companhia e, sem falar nem inglês nem alemão, veio tentar a sorte na cidade. Com uma carreira consolidada no Brasil, busca se estabelecer em Berlim. Em 2010 formatou a ideia do espetáculo sobre o mundo dos cegos e conseguiu apoio público para realizar o projeto.

"Voltei a pesquisar a subjetividade da cegueira, sempre com foco no lado poético. Nunca tinha recebido apoio público, foi uma grande responsabilidade, já que gostaria de estabelecer minha companhia aqui em Berlim", diz Clébio, que encontrou uma barreira maior na interação com os deficientes visuais na Alemanha.

A preocupação de fugir dos estereótipos foi o primeiro passo no processo de criação de Clébio, que quis explorar no espetáculo três pontos principais que unem a dança a esse universo: a estrutura corporal relacionada com a fisicalidade e o espaço corporal do indivíduo: a imaginação e fantasia associadas à educação e à estimulação: e questões filosóficas como a subjetividade do ver, o olhar condicionado e a potencialização dos outros sentidos. "Não basta fechar os olhos para saber o que o cego sente", afirma.

Cores e estrelas

O espetáculo é todo construído em cima dos sentidos e sensações. O que vemos não são dois cegos no palco, mas personagens que flertam com a exacerbação dos sentidos e a dependência. A referência ao universo infantil aparece nos objetos de cena, mas não há inocência e sim um pouco de caos e perversidade.

Clébio falou da dificuldade de coreografar e estar em cena e isso é perceptível no decorrer do espetáculo, onde partes destoam do todo, deixando algumas ideias um pouco perdidas. Mas o espetáculo consegue ser um mergulho interessante no universo dos deficientes visuais. A concepção do som é um dos pontos altos, criando um mundo à parte que completa o que vemos no palco, tanto criando conflito como conforto.

A argentina Mercedes Appugliese foi a escolha ideal. Ela brilha com uma naturalidade crua, onde o ordinário e a beleza se completam. No palco ela é controlada, manipulada e dependente sem perder a graça e a força.

Die Europäische Südsternwarte ESO veröffentlicht am Mittwoch (08.09.2019) eine neue Aufnahme der Spiralgalaxie NGC 300, die der Milchstraße sehr ähnlich ist. Die Galaxie befindet sich in der nahegelegenen Sculptor-Galaxiengruppe in einer Entfernung von etwa sechs Millionen Lichtjahren. Sie hat am Himmel eine scheinbare Größe von zwei Dritteln des Vollmondes. Um die Struktur der Galaxie bis ins kleinste Detail abzubilden, wurden am Wide Field Imager (WFI) am La Silla Observatorium der ESO in Chile Aufnahmen mit insgesamt 50 Stunden Belichtungszeit erstellt. Foto: ESO (Achtung Redaktionen: Veröffentlichung bitte nur mit dem Quellenhinweis "ESO") +++(c) dpa - Bildfunk+++ pixel
Imagem da Via LácteaFoto: picture alliance/dpa

No final do espetáculo o público é levado para bem longe e ao mesmo tempo para dentro de si, quando fecha os olhos. Bolinhas de gude, trazem cores, desordem e brilho, assim como a Via Láctea que dá nome ao espetáculo. "Tinha a curiosidade de saber o que os cegos realmente veem. Alguns têm sensibilidade para o claro e o escuro, outros que ficaram cegos se lembram de cores e formas. Numa das entrevistas o deficiente via pontos de luz como estrelas. Essa mistura do negro, com luzes uma névoa colorida é a imagem da Via Láctea", completa Clébio.

O espetáculo Milchstrasse está em cartaz no teatro Heimathafen em Berlim até o dia 12 de Junho.

Texto: Marco Sanchez
Revisão: Alexandre Schossler