Controladora de voo diz que fez o "humanamente possível"
1 de dezembro de 2016A controladora de voo que fez contato com o avião da LaMia momentos antes da queda divulgou uma carta em que diz ter feito o que pôde para evitar o acidente com o voo da Chapecoense. O texto foi divulgado nesta quinta-feira (1º/12) pela imprensa colombiana, mas data de quarta-feira.
"Posso afirmar com absoluta certeza que, de minha parte, fiz o humanamente possível e o tecnicamente obrigatório para preservar a vida desses usuários do transporte aéreo", diz a controladora Yaneth Molina na carta, cuja autenticidade foi confirmada por uma rádio local. "Lamentavelmente meus esforços foram infrutíferos, por razões que todos vocês já conhecem."
A funcionária colombiana, que se encontra afastada do cargo durante as investigações, agradece o apoio que vem recebendo de todos os cantos do país "neste momento difícil da vida profissional".
Molina, no entanto, critica os jornalistas que têm contribuído com desinformações e afirma que, por causa disso, recebeu ameaças que colocam em risco sua "integridade física e tranquilidade pessoal". Ela acrescenta que já analisa "soluções as quais espera discutir com as diretrizes da entidade."
A voz da controladora de voo ficou conhecida nesta quarta-feira, depois que a imprensa colombiana divulgou uma gravação que seria a última conversa tida entre o piloto do avião da Chapecoense e o controle aéreo de Medellín, na Colômbia, antes do desastre que matou 71 pessoas há dois dias.
No áudio, o piloto da companhia boliviana LaMia, responsável pelo voo fretado, relata à torre de controle uma "pane elétrica total" e falta de combustível na aeronave, pedindo urgência para pousar.
Molina responde que a pista está livre e que os bombeiros já foram alertados, faz perguntas sobre a localização e gerencia a aterrissagem, até não obter mais respostas. O avião sobrevoava uma região montanhosa e acabou colidindo contra um morro a poucos quilômetros do aeroporto.
No início do áudio, é possível ouvir a controladora priorizando o pouso de outra aeronave, que estaria com um problema de vazamento. Somente depois que o piloto da LaMia informa sobre a gravidade da situação é que a funcionária desvia outros dois voos comerciais para dar prioridade ao 933.
Funcionária questionou autonomia
Nesta quarta-feira, a Aeronáutica colombiana confirmou que não havia combustível no avião da LaMia no momento da queda, e uma investigação foi aberta para descobrir o motivo. Após a notícia, a Aeronáutica Civil da Bolívia suspendeu a licença de voo da companhia aérea.
Segundo documentos a que o Jornal Hoje, da emissora Globo, teve acesso, uma funcionária da Aasana, a agência nacional de aviação da Bolívia, chegou a questionar o piloto sobre a autonomia do avião para o trajeto, que partia de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, com destino a Medellín.
Antes do voo, a funcionária Celia Castedo Monasterio alertou que o modelo Avro RJ85 não tinha capacidade de armazenamento de combustível adequada para aquele plano de voo. Ela disse que faltava um plano alternativo, pois a quantidade de combustível não seria suficiente no caso de uma emergência.
De acordo com o Jornal Hoje, o piloto, no entanto, insistiu em prosseguir com o voo, dizendo que faria a viagem em menos tempo e que a autonomia seria suficiente. A funcionária da Aasana, que não tinha autoridade para impedir a realização do voo, foi afastada do cargo nesta quinta-feira.
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