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Venezuela aprova "julgamento histórico" de opositores

30 de agosto de 2017

Assembleia Constituinte anuncia abertura de processo contra líderes da oposição por suposta traição à pátria. Políticos são acusados de apoiar sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos contra Caracas.

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Delcy Rodríguez, presidente da Assembleia Constituinte
Delcy Rodríguez, presidente da Assembleia ConstituinteFoto: picture-alliance/dpa/R. Mazalan

A Assembleia Nacional Constituinte instaurada pelo governo da Venezuela aprovou nesta terça-feira (29/08) a abertura de um "julgamento histórico" de líderes da oposição por supostamente pedirem e respaldarem as sanções econômicas impostas pelos EUA contra o país.

Por unanimidade, os 545 chavistas que formam a Constituinte aprovaram um decreto para "iniciar conjuntamente com os órgãos competentes do Estado um julgamento histórico por traição à pátria contra os que estejam envolvidos na promoção dessas ações imorais contra os interesses do povo venezuelano".

Além disso, o decreto declarou "como traidores da pátria os atores políticos nacionais de marcado caráter antivenezuelano que promoveram a agressão econômica e a intervenção contra a República Bolivariana da Venezuela".

A decisão foi tomada na conclusão de uma sessão de quase três horas, que foi marcada por discursos acalorados, nos quais os líderes da aliança dos partidos de oposição Mesa da Unidade Democrática (MUD) foram chamados de "lacaios", ultradireitistas", "apátridas" e "quinta coluna" (expressão usada para se referir a grupos clandestinos que atuam numa região prestes a entrar em guerra).

Entre declarações de lealdade ao libertador Simón Bolívar, ao falecido presidente e "eterno comandante" Hugo Chávez e à "revolução socialista" iniciada em 1999, os membros da Constituinte acusaram os opositores de serem "agentes internos de inteligência", que servem a um "roteiro de golpe de Estado".

O texto final foi lido pelo homem forte da Constituinte, o ex-ministro e vice-presidente do governante Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), Diosdado Cabello. Entre as motivações do decreto, Cabello destacou que a oposição, agrupada na aliança MUD, "trabalhou de maneira sustentada para garantir" as sanções dos Estados Unidos.

O político chavista lembrou que a MUD emitiu no domingo um comunicado no qual respaldou as sanções ditadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, contra o governo de Nicolás Maduro. A aliança opositora também responsabilizou o chefe do Estado venezuelano pelo isolamento internacional e a crise humanitária que assola a Venezuela.

O decreto emitido pela Constituinte condena o "bloqueio financeiro do governo dos Estados Unidos da América contra o povo venezuelano". O texto também denuncia um suposto plano de Washington que contaria com a cumplicidade de governos da região para criar uma situação de emergência humanitária e justificar uma intervenção militar na Venezuela.

Na sexta-feira, Trump assinou um decreto com novas sanções à Venezuela. Com a medida, instituições financeiras ficam impedidas de fornecer capital ao governo venezuelano e à petroleira. Também foram proibidas novas compras de títulos de dívida e de ativos emitidos por ambos, bem como o pagamento de dividendos a Caracas e transações com títulos que sejam de propriedade do setor público da Venezuela.

PV/efe/dpa