Conselho de Segurança da ONU aprova cessar-fogo em Gaza
10 de junho de 2024O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou uma resolução proposta pelos Estados Unidos para um cessar-fogo na guerra entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza.
O placar final da votação da medida, ocorrida nesta segunda-feira (10/06), em Nova York, foi de 14 votos a favor, nenhum contra e uma abstenção, da Rússia, que tem poder de veto.
Até o momento, há diferentes versões sobre a aceitação ou não do cessar-fogo.
Conforme os EUA, apenas o Hamas ainda não aceitou a proposta, que sustenta um plano dividido em três fases apresentado em 31 de maio pelo presidente americano, Joe Biden, para dar fim ao conflito iniciado em outubro de 2023.
Por meio de um comunicado, no entanto, o Hamas já teria saudado a aprovação e se colocado à disposição para cooperar com os mediadores do acordo, a fim de implementá-lo.
Israel também ainda não teria se pronunciado publicamente sobre a aceitação ou não da medida. Mas os EUA afirmaram que a medida foi aceita pelos israelenses.
As três fases
A primeira fase do acordo apresentado por Biden consiste em um cessar-fogo inicial de seis semanas e a libertação de reféns israelenses em troca de prisioneiros palestinos, a retirada das forças de Israel de áreas povoadas em Gaza e o retorno de civis palestinos a todas as áreas do território.
Ainda na primeira fase, a resolução exige o trabalho seguro de assistência humanitária em grande escala em toda a Faixa de Gaza. De acordo com Biden, isso levaria a um total de 600 caminhões entrando diariamente na região.
A fase dois começaria após o período inicial de cessar-fogo. Caso haja concordância entre as partes, ocorreria o fim permanente das hostilidades de ambos os lados em troca da libertação de todos os reféns em Gaza, e a retirada total das forças de Israel do território.
A terceira fase teria foco num extenso plano de reconstrução para Gaza e o retorno dos restos mortais de todos os reféns que morreram na área.
Aprovação vs. prática
A aprovação da medida não significa, porém, que os lados envolvidos no conflito, Israel e Hamas, vão, de fato, colocar a resolução em prática. Em março, por exemplo, uma resolução de cessar-fogo já havia sido aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU, mas ambos a ignoraram.
Desta vez, no entanto, o forte apoio da resolução no órgão mais poderoso da ONU aumenta a pressão sobre ambas as partes para que coloquem a proposta em prática.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, declarou que Biden apresentou apenas partes da proposta e insistiu que nenhuma conversa é possível sobre um hipotético cessar-fogo permanente antes que as capacidades militares e de governo do Hamas sejam desmanteladas.
Nesta segunda-feira, líderes palestinos se reuniram no Catar para discutir a proposta de cessar-fogo e, posteriormente, disseram que qualquer acordo deve levar a um cessar-fogo permanente, com a retirada total de Israel da Faixa de Gaza, o fim do cerco israelense à região, a reconstrução da área e "um acordo sério de troca" entre reféns em Gaza e palestinos mantidos em prisões israelenses.
A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada pelo atentado terrorista em grande escala contra Israel de 7 de outubro de 2023, em que combatentes do Hamas mataram 1.200 e levaram cerca de 250 reféns.
Desde o início da ofensiva israelense, mais de 37 mil palestinos foram mortos em Gaza, de acordo com as autoridades de saúde palestinas controladas pelo Hamas.
gb/as (DPA, AP, ots)