Confrontos violentos registram terceira morte na Bolívia
7 de novembro de 2019Confrontos violentos entre simpatizantes do governo e opositores deixaram ao menos uma pessoa morta e 35 feridas na Bolívia nesta quarta-feira (06/11). Enquanto isso, em La Paz, vários líderes da oposição tentaram levar pessoalmente uma carta de renúncia ao presidente Evo Morales, mencionando suposta fraude cometida a seu favor nas recentes eleições gerais.
Em Cochabamba, o jovem Limbert Gúzman, de 20 anos, morreu num hospital após sofrer ferimentos graves durantes os confrontos. Gúzman é a terceira pessoa morta em meio à onda incessante de violência que abala a Bolívia desde 20 de outubro.
Segundo as informações mais recentes, pelo menos 35 pessoas ficaram feridas, muitas delas gravemente, em Cochabamba, onde manifestantes governistas e oposicionistas se confrontaram com pedras, pedaços de pau e fogos de artifício. Estudantes chegaram a lançar foguetes com bazucas artesanais.
Sindicatos de agricultores, principalmente de mulheres, iniciaram uma marcha para restabelecer a circulação de veículos em vias bloqueadas por dias pelos opositores.
"Evo, amigo, o povo está contigo" e "Evo, você não está sozinho" foram alguns dos cânticos entoados pelos manifestantes, que entraram em confronto com universitários oposicionistas na Praça Bush e em outras áreas de Cochabamba.
Enquanto isso, na cidade vizinha de Vinto, governada pelo partido governista Movimento para o Socialismo (MAS), a prefeitura foi incendiada por opositores. A prefeita de Vinto, Patricia Arce, foi arrastada pela rua, onde manifestantes jogaram tinta nela e cortaram seu cabelo. A prefeita foi resgatada pela polícia.
Também foram registrados protestos contra a reeleição de Morales – no poder desde 2006 – nas cidades de Santa Cruz de la Sierra, Sucre, Tarija e Potosí.
Líder da oposição chega a La Paz
Os opositores, que desde o início rejeitaram o resultado da eleição que deu a Morales a vitória no primeiro turno, agora exigem um novo pleito e a renúncia do presidente boliviano e de todas as autoridades eleitorais.
As tensões também aumentaram em La Paz, sede do governo federal, após a chegada do líder opositor Luis Fernando Camacho. Na véspera, grupos aliados de Morales o impediram de deixar o aeroporto que serve a capital administrativa.
Simpatizantes e também opositores do presidente começaram a chegar nas primeiras horas da manhã de quarta-feira nas cercanias do aeroporto. Desta vez, o local contava com forte proteção policial, ao contrário de segunda e terça-feira, quando Camacho não conseguiu deixar o aeroporto e precisou retornar à sua cidade natal, Santa Cruz de la Sierra, num avião militar.
Na quarta-feira, ele viajou novamente ao aeroporto internacional de El Alto, uma cidade vizinha de La Paz, a fim de levar pessoalmente a Morales uma carta de renúncia pela suposta fraude nas eleições gerais.
"Espero que consigamos alcançar o objetivo", disse Camacho numa transmissão de vídeo nas redes sociais, a partir de um local desconhecido, algumas horas após sua chegada. O líder opositor agradeceu à polícia boliviana "por toda a colaboração e, principalmente, aos jovens, homens e mulheres" que foram recebê-lo no aeroporto.
Líderes da oposição, como os ex-presidentes Carlos Mesa (2003-2005) e Jorge Quiroga (2001-2002), o senador Óscar Ortiz e o candidato a vice-presidente da aliança opositora Comunidade Cidadã (CC), Gustavo Pedraza, acompanharam a chegada de Camacho.
A tensão aumentou depois que ele deixou o terminal aéreo. Grupos que apoiam o líder opositor denunciaram que simpatizantes do governo bloquearam o caminho.
O ex-presidente Mesa exigiu ao Ministro do Interior, Carlos Romero, que "garanta a segurança e a vida dos jovens mobilizados em defesa da democracia, fora do aeroporto, cercados e ameaçados por grupos organizados e de choque do MAS".
Camacho é um advogado de 40 anos com mestrado em direito tributário e presidente do Comitê Pró-Santa Cruz, um conglomerado de entidades empresariais e associações de moradores. Na Bolívia, alguns fazem uma analogia entre ele e o líder oposicionista da Venezuela Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente interino do país e foi reconhecido por mais de 50 nações.
PV/afp/efe
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