Confrontos na Caxemira levam à fuga de milhares
6 de janeiro de 2015Milhares de moradores da parte da Caxemira controlada pela Índia tiveram de deixar suas casas por causa da constante troca de tiros entre soldados indianos e paquistaneses ao longo da fronteira. Mais de 6 mil pessoas já foram deslocadas para campos de refugiados, disseram as autoridades nesta terça-feira (06/01).
Cerca de 4 mil outras pessoas fugiram de suas casas e se abrigaram na casa de parentes. Autoridades indianas ergueram cerca de 20 campos de refugiados com alimentos e cuidados médicos à disposição dos que tiveram que fugir de suas casas.
Os tiroteios na fronteira tiveram início na última quinta-feira e deixaram ao menos dez mortos, incluindo civis e soldados dos dois lados. Nesta terça-feira, não houve relatos de trocas de tiros, mas as tensões aumentaram ao longo dos 200 quilômetros de fronteira entre as porções da Caxemira sob controle da Índia e do Paquistão.
Segundo paramilitares, a troca de tiros durou até a meia-noite desta segunda-feira, em vários pontos da fronteira. Cerca de dez postos de fronteira indianos teriam sido atacados.
As Forças de Segurança de Fronteira (FSF) indianas afirmam ter evidência de que vários militantes estão tentando cruzar a fronteira com o Paquistão, e o tiroteio poderia ser uma tentativa de distração. "Se nossos civis e nossas tropas forem alvo, vamos responder", disse o diretor-geral das FSF.
Os dois países culpam-se mutuamente por dar início à violência, que coloca em risco um acordo de cessar-fogo firmado há dez anos. Enquanto isso, moradores da região de fronteira afirmam que ambos os lados têm responsabilidade.
"Os dois governos querem acertar suas contas, e somos nós que sofremos", disse um dos moradores do vilarejo de Bobyia, abrigado num campo de refugiados.
Alguns moradores recusam-se a deixar suas casas. "De que adianta deixar a vila? Isso vem acontecendo há décadas. Já me acostumei", disse Bishen Das, de 80 anos.
Desde a independência do Reino Unido, em 1947, e a criação das repúblicas da Índia e do Paquistão, os dois países já travaram três guerras.
LPF/dpa/ap