Líbia
18 de março de 2011Neste sábado (19/03), os altos representantes da União Europeia e Africana, das Nações Unidas e da Liga Árabe vão se reunir em Paris para discutir os próximos passos, depois que o Conselho de Segurança da ONU aprovou a resolução que autoriza o uso de força contra as tropas de Muamar Kadafi. O caminho para ataques aéreos sobre a Líbia está aberto, porém o líder líbio Muamar Kadafi ofereceu nesta sexta-feira um cessar-fogo.
Não convencidos
O anúncio de cessar-fogo feito pelo governo de Kadafi "não impressiona" os Estados Unidos. A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, disse que seu país exige "fatos concretos" por parte do governo líbio.
Assim como a Alemanha, o Brasil se absteve de votar a resolução, justificando: "Não estamos convencidos de que uma intervenção militar nos levará ao objetivo que é o término imediato da violência e a proteção da população civil", declarou, em comunicado, a representante do Brasil nas Nações Unidas, Maria Luisa Viotti.
A chanceler federal alemã, Angela Merkel, disse que a abstenção do seu país não significa que esteja indiferente ao conflito líbio, devendo-se "exclusivamente" à indisponibilidade da Alemanha para participar de operações militares.
Na ultima quinta-feira, o Conselho de Segurança aprovou uma zona de exclusão aérea para a Líbia. Sob direção dos Estados Unidos, da França e do Reino Unido, a coalizão militar quer colocar em prática, o mais rápido possível, a resolução aprovada.
A zona de exclusão aérea na prática
A única experiência da comunidade internacional com zonas de exclusão aérea foi sua aplicação sobre a Iugoslávia e o norte do Iraque, na década de 1990. O primeiro passo é alcançar o domínio do espaço aéreo da Líbia. E para que isso aconteça é necessário o encerramento das atividades das forças de defesa aérea de Kadafi.
A Líbia possui mísseis antiaéreos que alcançam 8 mil metros de altura e 300 quilômetros de distância – o que corresponde a cerca de três quartos da distância entre Trípoli e Malta. Ela possui, ainda, cerca de 300 aviões, mas segundo especialistas somente a metade está apta ao uso. Para uma intervenção militar, é necessário que se anulem essas capacidades líbias, do contrário, as aeronaves internacionais correriam perigo.
Depois de concluída a primeira parte da estratégia, a zona aérea poderia ser monitorada sem problemas com aviões de reconhecimento Awacs. A Líbia é um país grande, porém o foco seria definitivamente a região costeira, onde se localizam as principais áreas de conflito.
Apoio logístico
As tropas para enfrentar as forças de Kadafi poderão contar com o apoio logístico das bases dos principais países da Otan, localizadas no Mar Mediterrâneo.
Os Estados Unidos já estão a postos na costa líbia, com o porta-aviões USS Enterprise, o porta-helicópteros Kearsarge e um navio específico para pousos chamado Ponce. Há apenas alguns dias, estas embarcações norte-americanas aportaram na Ilha de Creta. Partindo daí, eles necessitam de nove horas para alcançar a costa da Líbia. Já os caças levam apenas 20 minutos.
O premiê britânico, David Cameron, também confirmou a participação do Reino Unido no conflito líbio, fato que desencadeou manifestações nas ruas de Londres nesta sexta-feira, a favor e contra a intervenção internacional. O Reino Unido possui bases aéreas no Chipre e no Estreito de Gibraltar.
A França – que nos últimos dias apoiou fortemente o bloqueio aéreo – poderia enviar seus aviões de guerra estacionados em bases aéreas na Costa Azul, litoral do sul da França, no mar Mediterrâneo.
Além disso, a Itália confirmou colocar à disposição sua base naval Sigonella, na ilha de Sicília. A Polônia pretende enviar aviões de carga. Também o Canadá, a Noruega e o Qatar, bem como os Emirados Árabes, confirmaram sua participação.
Autor: Dominik Peters (br)
Revisão: Augusto Valente