1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Comunidade internacional critica Síria por não cumprir acordo de paz

10 de abril de 2012

Para embaixadores alemão e francês na ONU, Assad não colocou em prática cessar-fogo proposto por Annan. EUA pedem novas medidas e Rússia quer mais pressão sobre oposição. ONU teme que violência se alastre para o Iraque.

https://p.dw.com/p/14b0b
Foto: Reuters

O governo sírio não cumpriu o plano de paz acordado na semana passada, consideraram o embaixador da Alemanha na Organização das Nações Unidas (ONU), Peter Wittig, e seu colega francês, Gérard Araud, nesta terça-feira (10/04). Damasco havia concordado com a retirada das tropas das cidades sírias nesta terça-feira, para que um cessar-fogo pudesse ser colocado em prática dentro de 48 horas.

Em uma reunião do Conselho de Segurança da ONU em Nova York, Wittig disse que o presidente da Síria, Bashar al-Assad, não seguiu as determinações do plano de paz do enviado especial da ONU e da Liga Árabe, Kofi Annan. Para Araud, é "visível" que o governo sírio não está colocando em prática os passos exigidos para um cessar-fogo.

Durante uma visita a um campo de refugiados turco nesta terça-feira, Annan declarou não enxergar sinais de trégua das forças sírias. "Os militares sírios retiraram-se de algumas áreas, mas se deslocaram para outras regiões até então não envolvidas no conflito", disse Annan.

O enviado especial pediu às partes conflitantes que encerrem a violência "incondicionalmente". Ao longo do dia, Annan pretendia enviar ao Conselho de Segurança da ONU um comunicado oficial sobre a situação na Síria.

Pressão dos EUA e da Rússia

Os Estados Unidos declararam que o Conselho de Segurança precisa adotar novas medidas caso Annan confirme a quebra do acordo por parte do governo sírio. Até o momento, houve apenas sinais de mais "brutalidade e agressão" contra a oposição, disse o porta-voz da Casa Branca, Jay Cartey, nesta terça-feira.

Kofi Annan Türkei Syrien
Annan declarou não enxergar sinais de trégua das forças síriasFoto: Reuters

Já a Rússia, considera que Annan deva exercer mais pressão sobre a oposição e suas unidades armadas para acabar com a violência no país, declarou o Ministério do Exterior russo nesta terça-feira.

Em uma conversa telefônica prévia, Annan e o ministro do Exterior da Rússia, Serguei Lavrov, haviam se mostrado satisfeitos diante da disposição do governo em Damasco de cumprir o plano do enviado especial. Agora, os opositores do governo e seus apoiadores internacionais também teriam de adotar "medidas urgentes" para conseguir colocar um fim definitivo à violência, disse Lavrov.

Intensificação dos ataques

De acordo com a oposição, as tropas do regime intensificaram os ataques aos oponentes apesar do cessar-fogo acordado no último dia 2 de abril. Somente nesta segunda-feira (09/04), pelo menos 168 teriam sido mortas, informou a porta-voz do Conselho Nacional Sírio, Basma Kadmani, à agência de notícias alemã DPA.

"Esse foi o pior dia desde o início da revolução, há mais de um ano", disse. Segundo Kadmani, desde que o governo de Assad concordou com o plano de paz proposto por Annan, mais de mil civis teriam sido mortos, com o uso de armas pesadas por parte das tropas do regime.

O governo em Damasco, por sua vez, acusa os rebeldes de não estarem realmente preparados para um cessar-fogo.

Impactos sobre o Iraque

A ONU teme que a violência na Síria, com milhares de mortos, possa abalar o Iraque. "O conflito no país vizinho poderia perturbar o frágil equilíbrio", disse o chefe da missão da ONU no Iraque, Martin Kobler, nesta terça-feira.

Syrien Russland Außenminister Sergej Lawrow in Damaskus
Lavrov pede que opositores adotem "medidas urgentes" para acabar com a violênciaFoto: Reuters

Apesar de progressos, o Iraque está longe da paz e da normalidade. Apenas nos últimos três meses, 613 pessoas morreram em ataques terroristas. E a violência contra as mulheres continua.

"Se a violência na Síria seguir adiante, devemos contar com perigosas consequências para o Iraque." Segundo Kobler, as tensões poderiam ser consideravelmente intensificadas no país.

LPF/dpa/afp
Revisão: Carlos Albuquerque