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Comissão Europeia recomenda adesão da Sérvia após acordo com Kosovo

22 de abril de 2013

Sérvia e Kosovo chegaram a um acordo histórico de reconciliação, tendo em vista a reaproximação com a Europa. Comissão Europeia recomenda início das negociações para entrada dos sérvios na UE.

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Foto: picture-alliance/dpa

Segundo o comissário da União Europeia (UE) para a Expansão, Stefan Füle, a Comissão Europeia recomendou nessa segunda-feira (22/04) o início das negociações para a adesão da Sérvia, após o governo do país aprovar um acordo de normalização das relações com o Kosovo.

Füle declarou que a Sérvia adotou as principais medidas para uma melhora "visível e sustentável" de suas relações com o Kosovo, que também obteve sucesso em atingir as "prioridades de curto prazo" para o início das negociações com a União Europeia. O comissário ressaltou que "Sérvia e Kosovo provaram que podem olhar para o futuro, ao invés de se prender ao passado".

Em consequência, a Comissão Europeia também recomendou a adoção de um acordo de estabilização e associação com o Kosovo, primeiro passo no longo caminho até a adesão plena à UE. As recomendações da Comissão precisam agora ser acatadas pelos países-membros.

Grande passo, com opositores

Após a aprovação do acordo com o Kosovo – mediado pela UE – pelo governo sérvio, aguarda-se agora o endosso do Parlamento em Belgrado, o que deve ocorrer nesta sexta-feira.

O primeiro-ministro da Sérvia, Ivica Dacic, afirmou em carta à chefe da política externa da UE, Catherine Ashton, que "a recomendação do texto foi aprovada com unanimidade em sessão do governo realizada hoje [segunda-feira]".

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Catherine Ashton (c), em reunião com líderes da Sérvia, Ivica Dacic (esq.) e do Kosovo, Hashim ThaciFoto: picture-alliance/AP

O acordo, também aprovado pelo parlamento kosovar no último domingo, é visto com um grande passo rumo à normalização das relações entre a Sérvia e sua ex-província, que declarou independência em 2008. A Sérvia não reconhece o Kosovo, de maioria étnica albanesa, como país.

Em Luxemburgo, os ministros do Exterior dos países da UE disseram que os dois países deverão primeiro implementar o acordo, para depois iniciar as negociações. Catherine Ashton relatou aos ministros as dez rodadas de negociação que mediou entre o Dacic e o líder do Kosovo, Hashim Thaci.

"Iremos tratar desse assunto ainda antes da próxima reunião de cúpula da União Europeia", afirmou o ministro do Exterior da Irlanda, Eamon Gilmore, que é atualmente o presidente do Conselho da UE.

Protestos dos nacionalistas

Nacionalistas sérvios consideraram o acordo uma traição, acusando Dacic e o vice-premiê, Aleksandar Vucic, de se renderem ao Kosovo. A poderosa igreja ortodoxa sérvia também condenou a assinatura do tratado, afirmando tratar-se de "pura entrega, nem mesmo venda do nosso território". Dacic e Vucic afirmaram ter recebido ameaças de morte, assim como seus familiares.

O partido de oposição kosovar Vetevendosje considera o acordo danoso para o país. Seu líder, Albin Kurti, já anunciou que o partido irá realizar protestos e manifestações contra o acordo "durante as próximas semanas e meses".

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Sérvios protestam contra independência do Kosovo em 2008Foto: picture-alliance/dpa

Os sérvios kosovares, cuja autonomia no norte do jovem país era o ponto mais delicado das negociações, também rejeitaram o acordo e anunciaram a realização de protestos nesta segunda-feira.

Basicamente, o acordo garante autonomia à minoria sérvia no Kosovo, que, em troca, deve reconhecer o governo kosovar em Pristina.

O ministro alemão do Exterior, Guido Westerwelle, ressaltou ser "muito importante que haja o acordo, porém mais importante ainda é a sua implementação". Ele descreveu a iniciativa como uma "boa mensagem para a paz e estabilidade, não apenas na região, mas também na Europa".

O secretário de Defesa dos EUA, John Kerry, em reunião com o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso em Bruxelas, elogiou acordo bilateral, qualificando-o como "muito importante".

RC/dpa/rtr/afp