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Crise do euro

12 de janeiro de 2011

Intenção da Comissão Europeia esbarra na resistência da Alemanha e da França e é comunicada apesar do sucesso de Portugal no leilão de títulos de sua dívida. Segundo Barroso, medida tranquilizaria mercados.

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Para Durão Barroso, aumento do fundo tranquilizará mercadosFoto: David Ertl

A Comissão Europeia quer aumentar o fundo de resgate do euro, apesar da resistência de Alemanha e França e mesmo depois do pequeno êxito obtido por Portugal. O endividado país ibérico conseguiu nesta quarta-feira (12/1) vender com sucesso 1,249 bilhão de euros em títulos do governo em um leilão que teve forte demanda e foi avaliado como uma prova da capacidade portuguesa de se autofinanciar no mercado.

Mesmo assim, a Comissão Europeia quer uma ampliação do fundo de resgate do euro, como forma de tranquilizar os mercados. O presidente da Comissão Europeia defendeu nesta quarta-feira, em Bruxelas, que os líderes europeus devem tomar em fevereiro a decisão de aumentar o fundo de resgate aos países da zona euro com dificuldades para pagar suas dívidas públicas.

"A Comissão diz claramente que consideramos que a sua capacidade efetiva de empréstimo deve ser reforçada e que o campo de ação das suas atividades deve ser ampliado", disse José Manuel Durão Barroso. Ele insistiu que a decisão para reforçar o fundo de resgate deve ser tomada na cúpula europeia agendada para 4 de fevereiro em Bruxelas.

Medida de precaução

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Merkel afirmou que fundo está longe de se esgotarFoto: picture-alliance/dpa

"Os mercados precisam saber que a estabilidade do euro não está em jogo", ressaltou. Durão Barroso disse ainda que a ampliação do fundo seria uma "mera medida de precaução". "Isso não quer dizer que o fundo logo será usado para ajudar o país A ou B", observou.

O fundo europeu de estabilização financeira tem verbas num montante de 750 bilhões de euros, dos quais 440 bilhões são garantidos pelos países-membros, 60 bilhões, pela Comissão Europeia e 250 bilhões, pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).

A Alemanha e a França são claramente contrárias a um possível aumento do fundo. A chanceler federal alemã, Angela Merkel, se mostrou reticente. "Não quero comentar isso agora", afirmou.

Ela lembrou que, até agora, só a Irlanda precisou da ajuda do fundo e que este, por isso, está longe de se esgotar. O porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert, foi ainda mais claro. "Não há necessidade alguma para uma ampliação do fundo no momento", disse ele.

Relatório de Crescimento Anual

Em consequência à crise do euro, a União Europeia (UE) pede aos seus membros que adotem uma linha dura na redução da dívida pública. Metas anuais estabelecidas por Bruxelas para as políticas financeira e econômica pretendem, a partir de agora, garantir que os 27 integrantes do bloco sigam uma linha comum.

Pela primeira vez, a Comissão Europeia apresentou seu Relatório de Crescimento Anual. Nele, ela reivindica reformas no mercado de trabalho e nos sistemas previdenciários, assim como um compromisso maior com o crescimento econômico. "Com esse relatório, começa uma nova fase para a integração", anunciou Barroso.

Merkel disse estar satisfeita com os resultados do leilão da dívida pública portuguesa e elogiou as medidas de austeridade do governo de Portugal. "Pelo que sei, o leilão correu muito bem. Penso que são boas notícias", afirmou Merkel após se encontrar em Berlim com o primeiro-ministro italiano, Sílvio Berlusconi, nesta quarta-feira.

Procura foi 3,2 vezes superior à oferta

Portugal Präsident Jose Socrates
José Socrates descartou ajuda internacionalFoto: AP

Portugal vendeu nesta quarta-feira títulos com vencimentos em dez anos com uma taxa de juros de 6,716%, menores que o do leilão anterior, quando atingiram 6,806%. Nos títulos com vencimento em quatro anos, a taxa de juros foi de 5,396%, num leilão que teve uma procura 3,2 vezes superior à oferta.

Em visita a uma feira têxtil em Frankfurt, o primeiro-ministro português, José Sócrates, descartou nesta quarta-feira que Portugal vá pedir ajuda internacional. "Não precisamos dessa ajuda", afirmou o chefe de governo. "Tudo o que precisamos é confiança", complementou.

MD/lusa/dpa
Revisão: Roselaine Wandscheer