Comissão do impeachment inicia semana decisiva para Dilma
11 de abril de 2016A comissão especial da Câmara dos Deputados, que analisa o pedido de abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, decide nesta segunda-feira (11/04) se aprova ou não o parecer que recomendou a continuação da ação.
Recomendada pelo relator Jovair Arantes (PTB-GO) na semana passada, as discussões sobre a admissibilidade da denúncia de crime de responsabilidade contra Dilma foram encerradas na madrugada de sábado, numa sessão marcada por debate acalorado e enfrentamento político.
O parecer será votado nesta segunda-feira, quando o relator, o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, e os 25 líderes partidários terão a palavra para discursar entre 5 e 20 minutos. Para ser aprovado, o relatório precisa do apoio de uma maioria simples dos 65 parlamentares da comissão.
Caso seja aprovado, ele será publicado no Diário da Câmara, o que deve ocorrer na quarta-feira, dando início ao prazo de 48 horas para que seja votado pelo plenário da Câmara. Com isso, as discussões serão iniciadas no plenário da Câmara na sexta-feira. A previsão é de que a votação seja concluída no domingo, mesma data para qual movimentos pró-impeachment convocaram novas manifestações contra a presidente.
Na última sexta-feira, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse que a discussão tenderá a ser lenta. "O impeachment do Collor foi feito em dois dias. São 513 parlamentares, o que pode resultar em oito horas de votação. Prevejo, no mínimo, três dias de sessão. Não quer dizer que vá acabar no domingo. Pode acabar na segunda. Isso já aconteceu várias vezes na Casa", afirmou.
Lula segue busca por votos
Apesar de uma pequena melhora na popularidade de Dilma, segundo recente pesquisa do Datafolha (queda de 68% para 61% no apoio ao impeachment), o Planalto segue pessimista na semana decisiva para a defesa do mandato de Dilma.
Com derrota quase certa na comissão especial e a debandada de nove diretórios estaduais do aliado PP, o governo segue sua busca pelos 172 votos salvadores, que impediriam o prosseguimento do rito de impeachment na Câmara dos Deputados.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou em Brasília nesta segunda-feira, para seguir com o seu trabalho de persuasão. Lula montou uma central de reuniões num hotel, onde recebe aliados em busca dos votos necessários para salvar sua sucessora. Aos aliados, ele tem prometido cargos e verbas aos partidos, assim como melhora na economia e maior diálogo com o Congresso.
Segurança reforçada e "mapa do impeachment"
Em frente ao Congresso Nacional, manifestantes pró-impeachment montaram um placar de votação, com os rostos dos parlamentares fincados no gramado e divididos pelos seus posicionamentos: a favor, contra e indecisos. Segundo o chamado de "mapa do impeachment", ainda há 115 deputados indecisos.
A sessão na Câmara dos Deputados no fim de semana será realizada sob pressão popular: cerca de 300 mil manifestantes – pró e contra a queda de Dilma – são esperados na Esplanada, separados por um forte esquema de segurança. Com o apoio de 30 presidiários do regime semiaberto, foi erguida uma estrutura de placas de metal para separar os manifestantes e evitar o confronto entre as duas militâncias.
Apenas dois carros de som serão permitidos para cada grupo, e bonecos infláveis, fogos de artifício, megafones e uso de máscaras estão proibidos.
Segundo pesquisa do Datafolha, publicada no domingo, o número de brasileiros a favor do impeachment de Dilma diminuiu para 61%, sete pontos percentuais a menos do que em março.O apoio à renúncia de Dilma também caiu e agora é de 60%, cinco pontos percentuais a menos.
A pesquisa também mostrou que 58% da população é favorável ao impeachment do vice-presidente, Michel Temer (PMDB), enquanto 60% acham que ele deveria renunciar.
Essa foi a primeira vez que o Datafolha perguntou a respeito do apoio à renúncia e ao impeachment do vice-presidente. No caso de ambos os cargos de presidente e vice-presidente ficarem vagos, a pesquisa mostrou que 79% dos entrevistados são a favor da realização de uma nova eleição
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