Comissários de bordo da Lufthansa anunciam greve
9 de março de 2024A onda de greves parece não ter fim na Alemanha. Após mais uma semana de paralisações nos transportes urbanos, nos trens da Deutsche Bahn e do pessoal de terra da Lufthansa, agora é a vez dos comissários de bordo da companhia aérea alemã cruzarem os braços. Os trabalhos serão interrompidos em Frankfurt e em Munique na próxima semana.
O sindicato Ufo convocou neste sábado (09/03) cerca de 19 mil comissários de bordo da Lufthansa e da Lufthansa Cityline para aderirem à grave na terça e quarta-feira. Segundo o sindicato, o serviço será paralisado das 4h às 23h de terça-feira em todas as partidas de Frankfurt e, na quarta-feira, em todas as de Munique. A Lufthansa opera voos diários para o Brasil dos dois aeroportos, motivo pelo qual muitos brasileiros também podem ser afetados.
O Ufo ressalta que a paralisação ocorre após a empresa, na quinta-feira, ter anunciado um resultado recorde de quase 1,7 bilhão de euros de lucro líquido – o terceiro melhor da história da companhia.
"O pessoal de cabine agora também deve usufruir deste bom resultado e as concessões feitas durante a crise do coronavírus devem ser suficientemente compensadas", disse Joachim Vázquez Bürger, diretor-executivo do Ufo.
A decisão foi tomada em votação na quarta-feira, com mais de 96% de aprovação, segundo o sindicato.
O que está em jogo
O Ufo pede um aumento de 15% nos salários para os aproximadamente 18 funcionários de cabine da Lufthansa e os quase 1 mil da Cityline por um período de 18 meses e um bônus de compensação da inflação de 3 mil euros.
Fundado em 1992, o Ufo é um sindicato setorial que representa exclusivamente os comissários de bordo, principalmente das companhias Condor e Lufthansa. Tem como seu principal concorrente o sindicato DGB ver.di, que também quer organizar uma greve dos comissários de bordo. Uma cooperação entre os dois sindicatos, no entanto, é improvável.
Em 2022, após a crise do coronavírus, o Ufo foi o único sindicato do Grupo Lufthansa a abster-se de uma ação sindical. No acordo coletivo, principalmente os grupos salariais mais baixos foram contemplados com um aumento, mas o bônus de compensação inflacionária foi adiado para a atual rodada de negociação.
Segundo a Lufthansa, cerca de 100 mil passageiros deverão ser afetados pela greve. "Lamentamos que agora haja uma greve em vez de negociações e que o sindicato esteja desnecessariamente conduzindo a disputa de negociação coletiva às custas de nossos passageiros", disse o gerente de recursos humanos da companhiaLufthansa, Michael Niggemann. "Continuamos prontos para o diálogo e pedimos ao Ufo que se sente novamente conosco à mesa de negociações", acrescentou.
A empresa disse que os passageiros receberão informações sobre cancelamentos e opções de remarcação neste domingo, ao longo do dia, por e-mail ou pelo aplicativo da Lufthansa.
Vários conflitos tarifários na Lufthansa
A Lufthansa está envolvida em disputas de negociação coletiva em diversas áreas. Na quinta e sexta-feira passada, o sindicato ver.di convocou o pessoal de terra da Lufthansa para uma greve, cujos efeitos ainda eram sentidos na manhã deste sábado, com alguns cancelamentos e atrasos.
Os funcionários da subsidiária de frete Lufthansa Cargo já haviam parado e, antes disso, os da Lufthansa Technik, da Lufthansa Aviation Training e da Lufthansa Technical Training.
Em fevereiro, foram realizadas três paralisações na disputa salarial de cerca de 25 mil funcionários de terra da Lufthansa, cada uma das quais paralisou o tráfego de passageiros por cerca de um dia.
A Ver.di exige 12,5% a mais de salário e um bônus de compensação da inflação por um ano. Até o momento, a Lufthansa ofereceu salários 10% mais altos por um prazo de 28 meses.
le (ots)