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Europa tenta assegurar doses de Remdesivir contra covid-19

2 de julho de 2020

Executivo da União Europeia inicia negociação para compra de medicamento com fabricante americano, após Estados Unidos adquirirem praticamente toda a produção dos próximos três meses.

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Frascos de Remdesivir
Antiviral foi recentemente recomendado pela Agência Europeia de Medicamentos para adultos e jovens com mais de 12 anosFoto: picture-alliance/Yonhap

A Comissão Europeia informou nesta quinta-feira (02/07) que está negociando com a empresa farmacêutica Gilead Sciences a reserva de doses suficientes do medicamento Remdesivir para a União Europeia (UE). O Remdesivir é um dos medicamentos que demonstrou efeitos positivos no tratamento da covid-19.

"A comissária Stella Kyriakides [da área da Saúde e Segurança dos Alimentos] tem estado em múltiplas conversações com a fabricante Gilead, incluindo em relação à sua capacidade de produção. A Comissão está atualmente também em negociações com a Gilead para reservar doses de Remdesivir. Dada a confidencialidade dessas conversações, não podemos partilhar mais detalhes neste momento", disse Stefan de Keersmaecker, porta-voz responsável por temas de saúde pública na comissão.

Sobre a maneira como o número de doses necessárias para o países da UE será calculado, ele reconheceu que se espera "levar em consideração as necessidades reais ou futuras" e que o número de hospitalizações pode vir a ser tomado como referência. De qualquer forma, ele afirmou que ainda não pode "dizer muito" sobre esse aspecto, porque as negociações estão em andamento.

A declaração ocorre pouco depois do anúncio de que os Estados Unidos compraram da Gilead praticamente toda a reserva para três meses do Remdesivir. Em maio, o medicamento foi aprovado nos EUA para tratamento da covid-19. 

Em comunicado, o Departamento de Saúde americano disse que "assegurou mais de 500 mil ciclos de tratamento do medicamento para hospitais americanos até setembro", o que equivale a "100% da produção prevista da Gilead para julho (94.200 ciclos), 90% da produção em agosto (174.900 ciclos) e 90% da produção em setembro (232.800 ciclos), além de uma verba para ensaios clínicos".

A ação dos americanos significa que, nos próximos três meses, praticamente nenhum outro país terá acesso a novas doses desse medicamento antiviral, cuja utilização também foi recentemente recomendado pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA) para adultos e jovens com mais de 12 anos que sofram ainda de pneumonia e necessitem receber oxigênio.

A expectativa é que a Comissão Europeia aprove a recomendação da agência ainda nesta semana.

De acordo com o porta-voz da entidade, "proteger a saúde de todos os cidadãos é uma prioridade central da Comissão Europeia", e a decisão de "agilizar o processo de disponibilizar uma autorização para o Remdesivir nos próximos dias comprova o compromisso de assegurar que tratamentos com provas científicas de eficiência no tratamento contra a covid-19 estejam disponíveis para os cidadãos europeus".

"A Comissão toma nota do anúncio feito em relação às doses disponíveis para os EUA", disse também o porta-voz.

O anúncio de Washington provocou temores de uma escassez da droga no resto do mundo, mas pelo menos dois países europeus declararam na quarta-feira que não estão preocupados.

"O Reino Unido possui um suprimento adequado de Remdesivir", afirmou um porta-voz do governo britânico. Já na Alemanha, o governo afirmou que "garantiu estoques de Remdesivir cedo" e que "atualmente existem reservas suficientes".

O Remdesivir é uma terapia experimental que começou a ser desenvolvida em 2009 e foi testada em pacientes com ebola na década passada. Um ensaio clínico americano mostrou que o medicamento reduz o tempo de recuperação em alguns pacientes diagnosticados com o coronavírus.

JPS/usa/efe/dpa/rfi/ots

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