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Começa a 55ª edição da Bienal de Arte de Veneza

Rainer Traube (fa)1 de junho de 2013

Neste ano, mostra valoriza o aspecto histórico e surpreende com obras surreais, principalmente as feitas de madeira. Visitantes podem conferir as exposições até o dia 24 de novembro.

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Foto: REUTERS

A cada dois anos, Veneza é o centro do mundo da arte. Deste sábado (01/06) até o dia 24 de novembro acontece a 55ª edição da Bienal de Arte de Veneza, uma vitrine internacional para artistas de várias partes do planeta.

A Bienal deste ano terá madeira por todos os lados. Não apenas no pavilhão alemão, onde o artista chinês Ai Weiwei expõe sua obra de arte "Bang" – um emaranhado de bancos de madeira dos tempos da dinastia Qing, formando uma frágil escultura (foto principal).

A belga Berlinde De Bruyckere reuniu raízes e galhos de árvores para dar forma a um corpo perturbador. Neste caso, a madeira é apenas uma imitação feita de cera. Na exposição da Letônia, uma árvore lisa forma um grande pêndulo na sala. Também Mark Manders mobiliou o pavilhão holandês com robustos objetos de madeira. As exposições fazem refletir se as inúmeras obras são uma materialização do Zeitgeist, o "espírito da época", em madeira ou uma metáfora ecológica, uma ligação sensorial com a terra e as exigências do mundo virtual.

Foto Biennale Skulptur von Berlinde De Bruyckere
Escultura da artista belga Berline De BruyckereFoto: DW

Ode à história

Enquanto os visitantes percorrem os pavilhões nacionais e fazem ponderações em torno das próximas tendências artísticas, o tempo do lado de fora mostra uma mudança climática em Veneza. Além do implacável vento, frio demais para a primavera italiana, há ainda a acqua alta, fenômeno que do inverno, quando o nível da água dos canais da cidade aumenta. Guarda-chuva, bota de borracha, cachecol entram em cena nesta abertura da Bienal, que geralmente ocorre sob temperaturas mais altas.

O tal "espírito da época" parece estar ausente nesta Bienal de Veneza. Em vez dele, o curador Massimiliano Gioni revelou-se mais interessado na tradição do século 18, nas curiosidades do passado. E isso abre margem para novas descobertas. Assim, a prestigiada mostra de arte se apresenta como "Palácio Enciclopédico", lema adequado para este ano.

Em vez de trabalhar com listas de coisas que necessariamente deveriam constar da Bienal, Gioni apresenta uma mostra de artistas geniais que criam suas imagens de maneira obsessiva. Como o turco Yüksel Arslan, que em milhares de papéis entrelaçou sua vivência pessoal com a história da Turquia.

Foto Biennale Skulptur Pawel Althamer
Parque de esculturas feitas por Pawel AlthamerFoto: DW

Ou também o artista polonês Pawel Althamer, que imortalizou a fisionomia de venezianos reais em um parque de esculturas fantasmagóricas. Os visitantes da Bienal terão a oportunidade de vagar por esse mundo surreal e também apreciar por um momento a história de Veneza.

Esta é a arte que desperta a curiosidade. Na Bienal, é perceptível o cansaço frente a atualidade, pois já se twittou, publicou, enviou email ou "linkou" o bastante. É preciso voltar a se preocupar com a própria vida, com as ideias, os anseios, e parar com a avalanche de imagens impostas e selecionar as próprias.

Sob esta perspectiva, a constatação de que a Bienal 2013 oferece poucas reflexões interessantes sobre a crise global parece ser algo consequente. Avaliar se a arte se rendeu à pobreza, à migração ou à guerra depende do olhar de cada um. A arte pode tudo, até mesmo recusar a era digital. "Quem conhece apenas o presente, deve se tornar um ignorante", disse o escritor Hans Magnus Enzensberger contra a fixação sobre o Zeitgeist, o "espírito da época" atual. Esta Bienal se propõe a apertar a tecla "parar".