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Combates no Sudão do Sul podem "evoluir para uma guerra"

Eunice Wanjiru (ca)11 de julho de 2016

Ex-coordenador da missão da ONU afirma que nação africana necessita de uma abordagem radical: "Nem Machar nem Kiir mostraram que podem estabilizar o país. Ambos têm que sair de cena".

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Foto: picture-alliance/dpa/M. Knowles-Coursin

O diplomata alemão Peter Schumann afirmou, em entrevista à DW, que há grandes possibilidades de que os combates que eclodiram na capital do Sudão do Sul, Juba, possam "evoluir para uma guerra em grande escala". Schumann foi coordenador para o Sudão do Sul no âmbito da Missão das Nações Unidas no Sudão (Minus).

Segundo autoridades do gabinete presidencial do Sudão do Sul, por volta de 270 pessoas já morreram nos combates que recomeçaram na sexta-feira passada. Nesta segunda-feira (11/07), os líderes dos dois lados, o presidente do país africano, Salva Kiir, e o vice-presidente Riek Machar, ordenaram um cessar-fogo.

O governo de Kiir e a oposição liderada por Machar haviam firmado um acordo de paz em agosto de 2015, que prevê a formação de um governo de união nacional. Em abril deste ano, Machar chegou a Juba para assumir o cargo de vice-presidente, como determina o acordo.

O conflito entre ambos eclodira em dezembro de 2013, quando Kiir, da etnia dinka, denunciou uma suposta tentativa de golpe de Estado liderada por Machar, da etnia nuer.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou estar "chocado e horrorizado" com os combates e apelou a ambas as partes para que ponham fim à violência.

Peter Schumann
Diplomata Peter SchumannFoto: Torsten Hönig

Desde sua independência, em julho de 2011, o Sudão do Sul tem vivenciado mais guerra do que paz.

DW: O que desencadeou a luta entre as forças leais ao presidente Salva Kiir e as leais ao ex-líder rebelde Riek Machar?

Peter Schumann: Há relatos de que tropas fora de Juba estão avançando em direção à capital. Vimos algo semelhante em dezembro de 2013. Civis se tornam alvos por fazerem parte de um determinado grupo étnico alinhado a um grupo político – tanto da oposição de Riek Machar quanto do governo de Salvar Kiir.

As semelhanças assustam porque sabemos o que aconteceu depois de dezembro de 2013. O conflito vai se acirrar novamente? Pelo que vejo e escuto de Juba, a probabilidade de que a situação possa evoluir para uma guerra em grande escala é muito maior do que a expectativa de que se estabilize.

Cada lado afirma ter sido atacado pelo outro, e ninguém assumiu responsabilidade. Isso significa que os dois líderes precisam de um mediador?

Nos últimos dois anos, vimos que os esforços de mediação têm possibilidades muito limitadas de parar os combates. É muito significativa a falta de habilidade de Kiir, Machar e do segundo vice-presidente, James Wani Igga. Todos falharam na hora de dar ordens claras a fim de parar as lutas. Isso leva a uma só conclusão: de que eles não estão no comando daqueles que estão realmente lutando.

O que pode ser feito para trazer a normalidade de volta ao país?

Acredito que se necessita uma abordagem radical. Nem Machar nem Kiir mostraram que podem estabilizar o país. Ambos têm que sair de cena. Precisamos de uma nova liderança: precisamos de uma configuração completamente nova no Sudão do Sul.