Combates deixam mortos na Caxemira
2 de março de 2019A tensão se acirrou neste sábado (02/03) na região disputada da Caxemira, onde soldados da Índia e do Paquistão travaram combates que mataram, desde sexta-feira, ao menos oito pessoas em ambos os lados da fronteira. Segundo as autoridades, as vítimas são seis civis e dois militares.
A retomada das hostilidades violou um cessar-fogo temporário, anunciado após uma semana de intensos tiroteios na região, e ocorreu apesar de o Paquistão ter devolvido à Índia, na sexta-feira, um piloto indiano capturado em território paquistanês. Islamabad afirmou que a medida era um "gesto de paz", destinado a diminuir a tensão entre as duas potências nucleares.
Segundo agências de notícias, soldados dos dois países dispararam artilharia e morteiros uns contra os outros, atingindo postos militares e vilarejos de ambos os países.
Os combates foram retomados na sexta-feira. Segundo o Exército paquistanês, dois de seus soldados foram mortos em troca de tiros com forças indianas perto da Linha de Controle, que separa a Caxemira em duas áreas, uma administrada pela Índia e outra, pelo Paquistão. Foram as primeiras mortes de militares paquistaneses desde a quarta-feira.
A polícia indiana, por sua vez, disse que uma mulher e seus dois filhos foram mortos na Caxemira controlada pela Índia. O pai está em estado crítico. Segundo as autoridades, a casa da família, em Poonch, perto da Linha de Controle, foi atingida por bombardeios do Paquistão.
Na Caxemira controlada pelo Paquistão, o governo local afirmou que tropas indianas com armamento pesado "alvejaram indiscriminadamente moradores da fronteira" ao longo da Linha de Controle, matando um menino e ferindo outras três pessoas. Várias casas teriam sido destruídas por bombardeios indianos.
Após um período de calmaria que durou algumas horas, bombardeios e disparos foram retomados neste sábado. Um comunicado do Exército paquistanês informou que mais dois civis foram mortos e outros dois estavam feridos.
As forças da Índia, por sua vez, disseram que tropas do Paquistão atacaram postos indianos em vários lugares ao longo da linha militarizada.
Contudo, num sinal de que as tensões entre as duas potências nucleares podem ser aliviadas em breve, um ministro do governo paquistanês informou que um importante serviço ferroviário entre os dois países vai voltar a operar na segunda-feira.
Além disso, neste sábado, a Índia entregou ao Paquistão o corpo de um cidadão do país morto numa prisão indiana. Detentos espancaram o paquistanês até a morte após o ataque terrorista contra as forças indianas na Caxemira no mês passado, responsável por escalar as tensões.
O ataque suicida com um carro-bomba matou ao menos 40 membros da polícia paramilitar indiana na Caxemira em 14 de fevereiro. A autoria do ataque, o mais mortal do tipo desde o início da insurgência na Caxemira, em 1989, foi assumida pelo grupo Jaish-e-Mohammad (JeM).
Ao longo da semana, a Índia executou ataques aéreos em território paquistanês que tinham como alvo um campo de treinamento do JeM, argumentando haver suspeitas de que a organização planejava ataques suicidas iminentes no país.
No dia seguinte, a Força Aérea do Paquistão disse ter abatido duas aeronaves militares indianas que haviam cruzado a fronteira entre os dois países na região da Caxemira. O piloto indiano devolvido à Índia na sexta-feira foi capturado nessa ocasião, quando uma das aeronaves abatidas caiu em solo paquistanês na Caxemira.
O comandante Abhinandan Varthaman cruzou de volta para a Índia pouco antes das 21h (hora local) através da passagem fronteiriça de Wagah, onde chegou vestido de civil, acompanhado de um diplomata paquistanês e escoltado por três soldados.
"Durante seu cativeiro, ele foi tratado com dignidade e de acordo com a lei internacional", afirmou o Ministério do Exterior paquistanês em comunicado. Varthaman disse ter ficado "muito impressionado" com o tratamento recebido pelos militares do país vizinho. "Me levaram a um hospital onde passei por um exame médico", contou o soldado.
O Paquistão e a Índia já lutaram três guerras após a independência da Inglaterra, em 1947, e quase entraram em um quarto conflito em 2002 após um ataque de militantes paquistaneses contra o Parlamento da Índia.
A região da Caxemira é dividida entre ambos os países, mas reivindicada em sua totalidade tanto pela Índia quanto pelo Paquistão.
EK/afp/ap/dpa/efe/ots
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