Colômbia realiza eleição legislativa de olho na presidencial
13 de março de 2022Os colombianos foram às urnas neste domingo (13/03) para eleger a nova composição do Congresso e definir os candidatos que enfrentarão o senador e ex-guerrilheiro Gustavo Petro nas eleições presidenciais de 29 de maio, nas quais, pela primeira vez, a esquerda é a favorita.
O início da votação transcorreu com relativa normalidade nas zonas eleitorais, com exceção de algumas falhas no site do órgão responsável pela organização das eleições. Dois ataques a postos do exército, porém, deixaram dois militares mortos.
Cerca de 39 milhões de pessoas estavam aptas para votar e eleger as duas câmaras do Parlamento, formadas por quase 300 assentos, e participar das primárias partidárias. A votação ocorre das 14h locais (16h de Brasília) às 20h locais (22h de Brasília). O governo mobilizou 241.461 militares e policiais em todo o país para fazer a segurança dos 14.228 postos de votação.
Definição dos candidatos presidenciais
Analistas políticos do cenário colombiano avaliam que, mais do que o resultado para a votação para o Congresso, o pleito deste domingo será relevante pela definição dos candidatos presidenciais e para indicar o grau de comparecimento eleitoral às urnas. O voto é facultativo na Colômbia, e a abstenção costuma ser de cerca de 50%.
A esquerda pretende lançar Gustavo Petro como candidato, atual favorito em todas as pesquisas, enquanto as coalizões de direita e centro ainda definirão seus nomes nas primárias.
"A vitória, vencer, essa é a expectativa. Chegou a hora de mudar a Colômbia", disse Petro ao chegar para votar com sua esposa e duas filhas. O senador de esquerda votou em Bogotá com a convicção de que será o escolhido do Pacto Histórico, a coalizão pela qual pretende ser o candidato presidencial.
Petro foi o último dos favoritos nas consultas a votar, depois de Sergio Fajardo, da coalizão Centro Esperanza, e Federico Gutiérrez, da coalizão Equipo por Colombia, de direita – ambos votaram em Medellín.
"Convido toda a Colômbia a sair e votar em massa, a cuidar da democracia e as liberdades", disse Gutiérrez, para quem "a Colômbia não pode continuar a ser polarizada". "Falta há um longo caminho, hoje vamos ganhar a consulta, é mais um passo e fundamental para ganhar a presidência", afirmou.
Ecos dos protestos de 2021
A campanha foi marcada por diversos temas, como o empobrecimento e o desemprego desencadeados pela pandemia, o aumento da violência que se seguiu ao acordo de paz com as agora extintas Farc e a insegurança nas grandes cidades. Além disso, os grandes protestos do ano passado, que foram duramente reprimidos e revelaram profunda agitação social, ainda estão reverberando.
Comunes, o partido formado por ex-guerrilheiros, enfrenta o seu próprio teste. Embora o acordo de paz lhes garanta 10 assentos até 2026, os ex-rebeldes estão concorrendo nestas eleições para avaliar sua aceitação após seu colapso em 2018, quando obtiveram apenas 0,3% dos votos.
Embora o exército tenha destacado cerca de 33 mil soldados perto da fronteira venezuelana e em outros pontos onde agem grupos armados, para garantir a segurança das eleições, houve dois ataques no centro e sul do país, nos quais dois soldados foram mortos e outros dois feridos.
Em 29 de maio, os eleitores colombianos retornarão às urnas para escolher o sucessor do impopular presidente Iván Duque, que em 7 de agosto encerra seu mandato de quatro anos sem direito a reeleição.
bl (afp/efe)