"Coletes amarelos" protestam apesar de medidas de Macron
27 de abril de 2019Dezenas de milhares de "coletes amarelos" mobilizaram-se pela 24ª vez neste sábado (27/04) em diversas cidades de França, apesar do recente anúncio do presidente Emmanuel Macron de medidas em resposta à crise social no país.
O Ministério do Interior registrou 23.600 manifestantes em todo o país, 2.600 dos quais em Paris, onde duas marchas, também convocadas pela Confederação Geral do Trabalho, começaram pouco depois das 11h00. Um de seus alvos foram os canais de televisão, tachados de "mídia mentirosa" por sua cobertura dos protestos.
Cerca de 2 mil "coletes amarelos" desfilaram em Estrasburgo, cidade-sede do Parlamento Europeu, cujas eleições estão marcadas para dentro de um mês. A manifestação, inicialmente calma, cresceu em tensão quando as forças de segurança impediram a massa de seguir em direção às instituições europeias e responderam com gás lacrimogêneo ao lançamento de pedras e garrafas.
As forças de segurança voltaram a repelir manifestantes quando alguns incendiaram caixotes do lixo, não muito longe das instalações do Conselho da Europa, tentando construir barricadas.
Em resposta à série de manifestações, numa conferência de imprensa na quinta-feira o presidente francês apresentara um conjunto de medidas visando aumentar o poder aquisitivo das classes média e baixa, com corte de impostos, redução dos gastos públicos e reforma da previdência social.
Macron anunciou ainda uma indexação das pequenas correções da inflação, redução no imposto sobre o rendimento para 15 milhões de famílias até 2020, e garantiu que até 2022 não haverá fechamento de escolas ou hospitais sem acordo das autoridades locais.
Há mais de cinco meses os "coletes amarelos" saem à rua todos os sábados sob o pretexto de pedir mais justiça social e fiscal, em passeatas em parte entremeadas de violência, com prédios incendiados, vitrines, estilhaçadas e lojas saqueadas.
Na última semana, a polícia parisiense expressou a suspeita de que entre os manifestantes estivesse infiltrado "um bloco radical de 1.500 a 2 mil", determinado a semear o caos. Participantes de passeatas anteriores anunciaram estar se preparando para uma grande manifestação em 1.º de maio, Dia do Trabalho e data tradicional de protestos em toda a Europa.
AV/afp,ap,lusa
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