COI homenageia vítimas israelenses dos Jogos de Munique
4 de agosto de 2016Viúvas de dois dos 11 atletas e técnicos israelenses mortos por atiradores palestinos nos Jogos Olímpicos de Munique de 1972 finalmente receberam o reconhecimento pelo qual lutavam há muito tempo. O Comitê Olímpico Internacional (COI) homenageou nesta quinta-feira (04/08), no Rio de Janeiro, os mortos no ataque com um minuto de silêncio, e uma cerimônia de inauguração de um monumento em homenagem às vítimas, batizado de "Local de Luto".
"Hoje, a inauguração do 'Local de Luto' nos dá a oportunidade de lembrar aqueles que morreram durante os Jogos Olímpicos", disse o presidente do COI, Thomas Bach, junto a uma pequena plateia formada por funcionários do comitê, membros da delegação israelense, atletas e as viúvas de dois dos esportistas israelenses mortos no atentado terrorista na Vila Olímpica em 1972.
Familiares das vítimas pediam há anos que o Comitê Olímpico Internacional desse um reconhecimento especial aos israelenses mortos. Embora o COI não tenha concedido o pedido de um minuto de silêncio nas Cerimônias de Abertura dos Jogos Olímpicos, decidiu inaugurar o chamado "Local de Luto" que será característica presente nas Vilas Olímpicas em todos os Jogos Olímpicos.
O ataque
A tragédia começou no fim da madrugada de 5 de setembro de 1972 e durou 18 horas. Oito terroristas palestinos da organização Setembro Negro invadiram os alojamentos da delegação israelense na Vila Olímpica da capital bávara e fizeram nove atletas como reféns. Outros dois morreram na invasão.
O grupo exigia a libertação de 200 árabes presos em Israel. O impasse culminou num tiroteio, que resultou na morte de 11 israelenses, um policial alemão e cinco dos terroristas palestinos. Três extremistas foram presos.
Mais de 40 anos de espera
"Isso [a homenagem] representa um encerramento para nós. Isso é incrivelmente importante. Esperamos 44 anos para termos essa lembrança e reconhecimento para os nosso entes queridos que foram brutalmente mortos em Munique", disse Ankie Spitzer.
Seu marido, Andre Spitzer, era treinador da equipe de esgrima de Israel e foi morto junto com o halterofilista Joseph Romano, cuja esposa, Illan Romano, também esteve presente na cerimônia desta quinta-feira. "Nunca acreditei que [o reconhecimento] fosse chegar. Depois de 44 anos, estou muito feliz por esse momento histórico", disse Romano.
"Não consigo explicar o quanto isso significa para nós", acrescentou Spitzer. "Nós passamos por muita coisa. Sempre recebemos um 'não' [do COI] e, desta vez, não recebemos um simples 'sim', mas um 'sim' bem grande."
Com lágrimas nos olhos, Bach abraçou Spitzer e Romano. "Escolhemos a Vila Olímpica como o local [...] porque ela simboliza a união da família olímpica", disse o presidente do COI.
Bach leu, então os nomes dos 11 israelenses e do policial alemão mortos em 1972. Ele também leu o nome do georgiano Nodar Kumartiashvili, que morreu na véspera dos Jogos Olímpicos de Inverno de Vancouver, em 2010, num acidente enquanto treinava para a prova de luge – uma das diversas modalidades de descida em trenó.
PV/ap/rtr