Coalizão contra "Estado Islâmico" se prepara para longa campanha
4 de dezembro de 2014O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, disse nesta quarta-feira (03/12) que os ataques aéreos contra o "Estado Islâmico" (EI) estão impedindo o avanço do grupo terrorista no Iraque e na Síria, mas advertiu que provavelmente serão necessários anos para derrotar os jihadistas.
Kerry, que falou após um encontro da coalizão internacional contra o EI, em Bruxelas, afirmou ainda que qualquer ação militar do Irã contra o "Estado Islâmico" é bem-vinda. Nesta semana, o Pentágono afirmou que caças iranianos atacaram bases do EI no Iraque. O Irã não confirmou a informação.
Reunidos na sede da Otan, em Bruxelas, os cerca de 60 países da coalizão liderada pelos Estados Unidos se comprometeram a manter uma estratégia de longo prazo. Forças locais, que lutam contra os extremistas, devem ser fortalecidas, o afluxo de combatentes estrangeiros deve ser interrompido e o financiamento do EI, cortado. Além disso, pessoas em fuga das atrocidades cometidas pelos jihadistas devem receber ajuda.
"Todos sabem que será um longo caminho", disse o ministro do Exterior da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, após o encontro da coalizão. Ele salientou que o governo alemão está avaliando ampliar a ajuda para treinamento dos combatentes peshmerga – uma decisão deverá ser tomada ainda antes do Natal. O ministério já prometeu 40 milhões de euros para comprar alimentos para cerca de 12 milhões de refugiados na região.
A coalizão reunia inicialmente cinco países ocidentais e cinco árabes, em setembro. Atualmente, cerca de 60 Estados estão participando, incluindo países islâmicos, como a Arábia Saudita e o Egito. Aproximadamente 12 estão conduzindo ataques aéreos, que já somam mais de mil, segundo os EUA.
Kerry elogia esforços do governo iraquiano
Kerry garantiu que a aliança não se limita ao campo militar. "O EI é uma ameaça e um perigo para os valores de todos nós", disse. Os EUA e os aliados rejeitaram também qualquer cooperação com a Síria, porque eles responsabilizam o presidente Bashar al-Assad pela guerra civil no país.
O líder sírio, em entrevista a uma revista francesa, classificou os ataques aéreos da coalizão internacional como ineficazes. "Não se pode acabar com o terrorismo com ataques aéreos. Tropas terrestres que conheçam o país são essenciais", afirmou.
Já no Iraque, a coalizão internacional busca principalmente a reconciliação do governo xiita com os clãs sunitas e, assim, diminuir a influência política do também sunita "Estado Islâmico". Na declaração final do encontro, os esforços do primeiro-ministro do Iraque, Haider al-Abadi, foram elogiados. Kerry estimou principalmente o acordo com os curdos sobre a distribuição das receitas do petróleo. Este é considerado um sinal de que os grupos étnicos rivais estão se aproximando e se unindo na luta contra o EI.
PV/ap/dpa/afp