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Ciro e Cid Gomes são alvo de operação da PF

15 de dezembro de 2021

Polícia faz buscas contra os irmãos para apurar suspeitas de corrupção em obra de estádio. Justiça ainda quebra sigilo dos dois. Ciro nega acusações, diz que ação é abusiva e condena "Estado policialesco" sob Bolsonaro.

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Ciro Gomes, durante protestos contra Bolsonaro na Avenida Paulista, em São Paulo, em setembro de 2021
Ciro Gomes, durante protestos contra Bolsonaro na Avenida Paulista, em São Paulo, em setembro de 2021Foto: Amanda Perobelli/REUTERS

O ex-governador do Ceará e pré-candidato à Presidência da República Ciro Gomes (PDT) foi alvo nesta quarta-feira (15/12) de uma operação da Polícia Federal (PF), no âmbito de uma investigação sobre supostas irregularidades em obras do estádio Arena Castelão, em Fortaleza.

A PF cumpre ao todo 14 mandados de busca e apreensão autorizados pela Justiça Federal do Ceará, que atingem, além de Ciro e outros alvos, o irmão dele, o senador Cid Gomes (PDT-CE), também ex-governador do estado. Ao dar aval às buscas, a Justiça determinou ainda a quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico dos dois.

A investigação apura, segundo a polícia, suspeitas de "fraudes, exigências e pagamentos de propinas a agentes políticos e servidores públicos decorrentes de procedimento de licitação para obras" de ampliação do Castelão para a Copa do Mundo de 2014.

As obras de reforma no estádio ocorreram entre 2010 e 2013, durante a gestão de Cid Gomes no governo do Ceará. O inquérito teve início em 2017 e envolveu delações premiadas de executivos da empresa Galvão Engenharia.

Segundo a PF, a quebra dos sigilos bancário e fiscal é essencial para identificar possíveis pagamentos suspeitos que possam ter contribuído para aumentar a renda dos investigados.

Ciro rechaça acusações

Ciro Gomes reagiu às medidas com indignação e descreveu a ordem como "abusiva" e política. Ele negou ter qualquer ligação com o caso e ainda acusou o presidente Jair Bolsonaro de perseguir opositores.

"Não tenho mais dúvida de que Bolsonaro transformou o Brasil num Estado policial que se oculta sob falsa capa de legalidade", disse em nota. "O braço do Estado policialesco de Bolsonaro, que trata opositores como inimigos a serem destruídos fisicamente, levanta-se novamente contra mim."

O pré-candidato à Presidência declarou ainda que em seus 40 anos de vida pública nunca chegou a ser acusado ou processado por corrupção, e prometeu buscar consequências legais para o "ataque" que sofreu.

"Não tenho dúvida de que esta ação tão tardia e despropositada tem o objetivo claro de tentar criar danos à minha pré-candidatura à Presidência da República. Vou até as últimas consequências legais para processar aqueles que tentam me atacar. Meus inimigos nunca me intimidaram e nunca me intimidarão. Ninguém vai calar minha voz", afirmou.

Operação Colosseum

Segundo a Polícia Federal, as supostas irregularidades teriam ocorrido para que a Galvão Engenharia vencesse o processo de licitação para realizar as obras no Castelão. O valor da concorrência foi de R$ 518 milhões.

A investigação aponta suspeitas de pagamento de R$ 11 milhões em propina, que muitas vezes teria sido disfarçada de doações eleitorais para Cid e Ciro Gomes, por meio de emissões de notas fiscais fraudulentas por empresas fantasmas.

A operação da PF foi batizada de Colosseum e envolveu mandados de busca e apreensão contra alvos em Fortaleza, Meruoca e Juazeiro do Norte, no Ceará, além de Belo Horizonte, São Luís e São Paulo.

Além de Cid e Ciro, foram alvo também outro irmão deles, Lúcio Gomes, e dois advogados que ocuparam o cargo de procurador-geral do estado do Ceará, suspeitos de participação no processo de licitação supostamente fraudulento e de blindarem os políticos envolvidos.

ek/lf (ots)