O cinema brasileiro saiu premiado na edição 2018 do DOK Leipzig, um dos festivais de documentários mais importantes do mundo.
Cine Marrocos, de Ricardo Calil, levou a Pomba de Ouro na categoria Next Masters. O documentário de 76 minutos retrata o passado e o presente de um cinema no centro de São Paulo, símbolo de luxo da década de 50 e que abrigou o primeiro festival internacional de cinema realizado no Brasil. Desde 2013, o prédio do antigo cinema abriga a segunda maior ocupação vertical de São Paulo.
A produção do filme reativou a sala de projeção por uma semana - com tela, projetor e cadeiras. Os moradores assistiram aos mesmos filmes exibidos no festival de 1954. Depois, 25 moradores participaram de uma oficina de interpretação e reencenaram cenas de alguns dos clássicos.
Nas palavras do júri do DOK Leipzig, "o Brasil nos deu um filme que celebra o cinema em si, com a memória de um prédio de cinema vazio e a representação das pessoas que se abrigam neste local - famílias pobres, migrantes, sem-teto, refugiados. O filme Cine Marrocos revela essas pessoas como verdadeiros heróis do nosso tempo".
Eleições, de Alice Riff, mostra como uma escola estadual de São Paulo se prepara para a eleição do grêmio estudantil. Quatro grupos de estudantes, com opiniões e visões de mundo diferentes, criam propostas, debatem estratégias de campanha e lutam por melhorias na escola. A ideia da diretora era fazer um filme sobre uma eleição com protagonistas que, segundo ela, estariam distantes do processo eleitoral brasileiro: jovens, negros, pobres, pessoas LGBT - grupos pouco representados no congresso brasileiro.
A terceira produção brasileira exibida no festival foi o curta Antes do lembrar, de Luciana Mazeto e Vinícius Lopes. O documentário enfoca a busca pelos indícios mais antigos da presença do homem no território do Rio Grande do Sul. Em paralelo, relatos sobre o surgimento do ser humano, mitos da criação e histórias pessoais advindas de diversos contextos culturais e religiosos do Estado.