Christina Kirchner é processada por lavagem de dinheiro
5 de abril de 2017A ex-presidente da Argentina Christina Kirchner foi formalmente acusada de lavagem de dinheiro e de administrar uma associação criminosa relacionada a transações imobiliárias, comunicou o Serviço de Informações Judiciais do país nesta terça-feira (04/04).
Este é o quarto conjunto de acusações criminais contra a ex-presidente. Kirchner, que governou a Argentina de 2007 a 2015, já enfrenta julgamento num caso separado por alegada má gestão financeira durante seus mandatos.
O juiz Claudio Bonadio, que determinou a abertura do processo, afirmou que Kirchner é criminalmente responsável por ter feito parte de uma associação ilícita – que ela teria liderado – envolvida na lavagem de ativos de origem ilícita. As acusações foram agravadas pelo fato de Kirchner ter sido uma funcionária do governo e estar envolvida em negociações incompatíveis com sua posição como presidente, justificou o juiz.
Um caso de família
Também foram acusados os dois filhos de Kirchner, Florencia e Maximo, que atualmente é membro do Congresso argentino. Os empresários Cristóbal López e Lázaro Baez também foram processados como líderes de uma empresa criada pela família Kirchner que detinha vários hotéis na província de Santa Cruz.
O juiz emitiu uma proibição de viagem para os cinco acusados e ordenou que cerca de 130 milhões de pesos argentinos (cerca de 26 milhões de reais) dos ativos de Kirchner fossem congelados. Os cinco acusados foram obrigados a entregar seus passaportes.
Kirchner já foi acusada em casos distintos por suborno e corrupção relacionada a lucrativos contratos governamentais fechados com Baez, um empresário da área de construção e amigo da família Kirchner. Ele está na prisão aguardando julgamento. O ex-caixa de agência bancária se tornou o maior empreiteiro de obras públicas na província de Santa Cruz. Segundo investigações, Baez tem em seu nome centenas de propriedades, carros e outros bens.
Kirchner alega perseguição política
Kirchner também enfrenta julgamento por fraudar o Estado ao ordenar ao Banco Central a venda dólares futuros a preços baixos, causando a perda de bilhões de dólares do caixa público. Ela nega as acusações e acusa os casos judiciais de serem politicamente motivados pelo atual presidente da Argentina, Mauricio Macri. O centro-direitista venceu as eleições de novembro de 2015 e encerrou 12 anos de kirchnerismo no país.
Um mês atrás, Kirchner foi convocada para comparecer perante o juiz Bonadio em Buenos Aires, mas ela recusou ser interrogada. Em vez disso, ela apresentou um documento jurídico no qual declarou ser vítima de uma operação de "magistrados políticos" patrocinada pelo atual presidente.
No último fim de semana, a investigação sobre Kirchner descobriu que a ex-presidente possui 14 casas em Santa Cruz que nunca foram declaradas à Receita Federal ou ao departamento anticorrupção da Argentina.
PV/efe/afp/ap