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SaúdeChina

China reporta quase 60 mil mortes por covid-19 em um mês

14 de janeiro de 2023

Cifra é divulgada semanas após Pequim parar publicação de boletins diários. É o primeiro anúncio do governo chinês de óbitos em grande escala associados à doença desde o fim da política de "covid zero".

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Pessoas de máscara em uma fila a céu aberto
Chineses fazem fila para comprar testes de covid-19Foto: CHINA DAILY/REUTERS

As autoridades de saúde da China relataram neste sábado (14/01) quase 60 mil mortes relacionadas à covid-19 no país em pouco mais de um mês. Esta foi a primeira divulgação pelo governo chinês de cifra de óbitos em grande escala ligados à doença desde que Pequim começou a flexibilizar as restrições relacionadas ao vírus, no início de dezembro.

A China tem sido acusada de subnotificar seu número de mortes por coronavírus desde o abandono de sua política de "covid zero". Apenas algumas dezenas de mortes foram registradas oficialmente em dezembro antes do anúncio de sábado, apesar das evidências de sobrecarga em crematórios e hospitais.

Entretanto, a Comissão Nacional de Saúde da China informou que entre 8 de dezembro de 2022 e 12 de janeiro a China registrou 59.938 mortes relacionadas à covid-19. O número refere-se apenas às mortes registradas em instalações médicas, com o número total provavelmente sendo maior.

"Os dados incluem 5.503 mortes causadas por insuficiência respiratória diretamente associadas ao vírus e 54.435 mortes causadas por condições subjacentes combinadas com a covid-19", afirmou Jiao Yahui, chefe do Departamento de Administração Médica da Comissão Nacional de Saúde, em entrevista coletiva.

As autoridades de saúde haviam insistido na quarta-feira "não ser necessário" se prender a números exatos. Pequim revisou sua metodologia para categorizar as mortes por covid-19 no mês passado, dizendo que contaria apenas aqueles que morrem especificamente de insuficiência respiratória causada pelo vírus.

Crítica da OMS

Isso foi criticado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que disse que a nova definição era "muito estreita". O chefe da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que a organização continua a "pedir à China dados mais rápidos, regulares e confiáveis sobre hospitalizações e mortes, bem como sequenciamento viral".

Pequim, no entanto, insiste que tem sido transparente com a comunidade internacional sobre seus dados, instando a OMS a "manter uma posição científica, objetiva e justa".

As autoridades de saúde disseram no sábado que a idade média dos que morreram era de 80,3 anos, com mais de 90% das mortes sendo registradas em indivíduos acima de 65 anos. A maioria sofria de condições subjacentes, disseram.

Milhões de idosos na China não estão totalmente vacinados, com o governo do presidente Xi Jinping sendo criticado por não priorizar as campanhas de imunização entre os cidadãos mais vulneráveis do país.

"Pico pode ter passado"

As autoridades também sugeriram neste sábado que o ápice da onda atual pode ter passado. Pouco menos de 2,9 milhões de pacientes foram atendidos em clínicas em 23 de dezembro, disseram eles, mas o número caiu para 477 mil em todo o país em 12 de janeiro.

Autoridades de saúde disseram que o número de pacientes gravemente doentes em hospitais ainda é alto, mas que o pico parece ter ocorrido no início de janeiro. A prioridade, segundo elas, é monitorar a situação nas áreas rurais e focar na detecção precoce e no tratamento dos mais vulneráveis.

De acordo com um estudo da Universidade de Pequim, cerca de 900 milhões de pessoas já foram infetadas pela covid-19 na China após o desmantelamento da política de "covid zero" e a opção por um controla mais relaxado da pandemia. Os números oficiais anteriores garantiam que, durante toda a pandemia (fevereiro de 2020 a dezembro de 2022), foram registradas na China 2 milhões de infecções e 5.600 mortes.

md (AFP, EFE)