China pressiona Hong Kong a solucionar crise
16 de dezembro de 2019O primeiro-ministro da China, Li Keqiang, afirmou nesta segunda-feira (16/12) que os protestos em Hong Kong danificaram a sociedade do centro financeiro asiático em todas as frentes. A declaração foi feita durante um encontro com a chefe de governo do território semiautônomo, Carrie Lam, em Pequim.
"Hong Kong ainda não superou seu dilema. O governo da região precisa continuar seus esforços, acabar com a violência, parar o caos de acordo com a lei e restaurar a ordem", disse Li, reiterando o apoio de Pequim à administração de Lam.
"No ano passado, nossa política, economia e sociedade realmente enfrentaram grandes problemas", admitiu Carrie Lam, após a reunião com o premiê.
Essa foi a primeira visita a Pequim de Carrie Lam desde que candidatos democratas obtiveram uma vitória esmagadora nas eleições municipais no mês passado, que foram consideradas um termômetro para medir o apoio ao movimento pró-democracia e a popularidade do governo local.
Em Pequim, a líder de Hong Kong deve ainda se reunir com o presidente chinês, Xi Jinping. A imprensa de Hong Kong especulou que esse encontro poderia resultar em novas diretrizes sobre a crise política enfrentada pelo território, incluindo uma reforma no gabinete. Em novembro, os dois se reuniram em Xangai. Na época, Xi declarou que "confiava fortemente" em Lam, apesar da turbulência enfrentada pelo território.
Ao iniciar a viagem, Lam minimizou as especulações sobre uma mudança no gabinete e afirmou que sua primeira tarefa seria frear a violência e restaurar a ordem, além de dialogar mais com os manifestantes.
O encontro entre ocorreu depois de mais um dia de confrontos entre manifestantes e forças de segurança na noite de domingo. Jovens mascarados bloquearam ruas no distrito de Mong Kok. A polícia lançou bombas de gás lacrimogêneo contra o grupo e usou a violência para acabar com os bloqueios. Os manifestantes responderam com pedras e depredaram semáforos.
Confrontos também ocorreram em shopping centers. Várias pessoas foram detidas. A violência no domingo encerrou a trégua de algumas semanas que ocorreu nos conflitos entre manifestantes e a polícia.
Apesar das demandas dos manifestantes e da retórica anti-China, Pequim alega que está comprometida em preservar o modelo "um país, dois sistemas", que garantiu a Hong Kong um alto grau de autonomia e liberdades, como a liberdade de imprensa que é negada em cidades continentais.
Há seis meses, o centro financeiro asiático foi abalado por uma série de protestos, impulsionados por cidadãos irritados com o controle exercido pelo Partido Comunista Chinês na ex-colônia britânica, que foi devolvida pelo Reino Unido para a China em 1997.
O processo de retorno foi firmado num acordo, em 1984, no qual os chineses se comprometeram a implementar o chamado modelo "um país, dois sistemas", que previa a manutenção dos sistemas econômico e social vigentes e um elevado grau de autonomia (exceto em questões de defesa e relações externas) para o território, por ao menos 50 anos.
Desde então, Hong Kong tem o status de região administrativa especial da China, com uma legislação própria que garante, por exemplo, as liberdades de expressão e de reunião e que permite que o território continue sendo um importante centro financeiro e comercial.
Apesar da autonomia, os chineses têm a palavra final em Hong Kong, e a oposição reclama principalmente de uma excessiva interferência chinesa, afirmando que a China não está cumprindo à risca o que acertou com os britânicos.
A atual onda de protestos, a maior já realizada contra o governo chinês desde 1997, eclodiu em junho em oposição a um projeto de lei, já derrubado, que permitiria a extradição de suspeitos de crimes para a China continental.
Originados pela proposta, os protestos evoluíram, entretanto, para uma campanha a favor da democracia, que tem resultado em violentos confrontos entre manifestantes e a polícia. Embora o número de manifestações tenha diminuído nas últimas semanas, o movimento ainda conta com amplo apoio popular.
CN/rtr/ap
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