China equipara Xi Jinping a Mao Tsé-tung
24 de outubro de 2017O presidente Xi Jinping foi alçado nesta terça-feira (24/10) ao nível dos líderes mais poderosos da China, com seu nome registrado na Constituição do Partido Comunista (PC) ao lado dos históricos antecessores Mao Tsé-tung e Deng Xiaoping.
A inclusão do "pensamento de Xi Jinping sobre o socialismo com características chinesas para uma nova era" nos estatutos partidários ocorreu durante a conclusão do 19º Congresso da agremiação. Os cerca de 2.300 membros do PC presentes na cerimônia de encerramento aprovaram a medida de forma unânime.
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Mao, fundador da China comunista, e Xiaoping, arquiteto de reformas de mercado, são os únicos que têm os seus nomes escritos nos estatutos do Partido Comunista – e apenas Mao estava vivo quando seu nome foi incluído.
"A China tem uma tradição de combinar o imperador e o professor, o que quer dizer que o imperador também é o líder do pensamento. Xi alcançou esse status no final do seu [primeiro] mandato. Isso é raro na nossa história", explicou Hu Xingdou, cientista político chinês.
Ato simbólico
Lavrar o "pensamento Xi" é um ato simbólico que dá maior poder e prestígio ao presidente chinês, que também é o líder máximo do partido. O conceito coloca ênfase especial no papel do Partido Comunista para governar todos os aspectos da vida dos cidadãos chineses, da economia até o que as pessoas escrevem nas mídias sociais.
Com seu nome nos estatutos, Xi terá a última palavra em todos os assuntos políticos da China. Segundo analistas, ele poderia continuar sendo o principal líder do país até mesmo se deixar o cargo de secretário-geral do Partido Comunista quando seu segundo mandato acabar, em 2022.
Seus antecessores imediatos na cúpula do regime, Jiang Zemin e Hu Jintao, também tiveram suas teorias incluídas nos estatutos do Partido Comunista chinês, mas seus nomes não constam do documento, e as ideias foram aprovadas quando estes já haviam deixado o poder. A ação desta terça-feira demonstra, portanto, a dimensão da influência política conquistada por Xi.
Ele próprio encerrou o Congresso, sublinhando que as mudanças nos estatutos e outras decisões tomadas nos últimos dias perseguem "uma missão histórica para o Partido Comunista da China em uma nova era" e buscam completar a concretização de uma sociedade modestamente acomodada e um país modernizado.
Politburo
O Congresso do Partido Comunista também elegeu um Comitê Central de 204 membros, que inclui apenas dez mulheres. Este deverá eleger o novo Comitê Permanente do Politburo chinês na quarta-feira. O órgão controla o poder na China e é crucial para o futuro do líder chinês, segundo explicam analistas.
O novo mandato de Xi Jinping como secretário-geral do partido também começa nesta quarta-feira. Ele poderá consolidar o poder ao preencher as vagas do Comitê do Politburo com aliados.
Espera-se que tanto o presidente chinês, de 64 anos, quanto o primeiro-ministro, Li Keqiang, permaneçam no comitê, enquanto cinco outros membros deverão deixar suas vagas devido a uma idade de aposentadoria informal de 68 anos.
"Nova era"
No início do Congresso, Xi declarou que a China entrou numa "nova era", com o ambicioso objetivo de se tornar um "líder global" até 2050. Porém, suas declarações não preveem mudanças no sistema de partido único da China, nem na repressão de ativistas de direitos humanos.
Alguns dos objetivos de Xi, como estabelecer um Exército moderno até 2035, vão além do fim de seu segundo mandato, uma indicação de que ele se vê como líder longevo da China.
O secretário-geral do Partido Comunista Chinês também conseguiu lavrar dois de seus acalentados programas nos estatutos: uma campanha anticorrupção que atingiu 1,5 milhão de funcionários públicos corruptos desde 2012, e a iniciativa Nova Rota da Seda, o projeto maciço de infraestrutura de comércio que tem a intenção de aumentar a influência internacional da China.
RK/efe/afp
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