China e Japão retomam diálogo de alto nível
10 de novembro de 2014Chefes de Estados de 21 países participam a partir desta segunda-feira (10/11), em Pequim, da cúpula do fórum Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec, na sigla em inglês). Antes mesmo do início do encontro, contudo, o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, e o presidente chinês, Xi Jinping, se reuniram e retomaram o diálogo bilateral de alto nível, após dois anos de relações tensas.
A iniciativa foi interpretada como um sinal de degelo entre os dois países. Entre as causas das atuais tensões, contam tanto a luta pelo controle das ilhas Diaoyu (nome chinês) ou Senkaku (japonês), localizadas no Mar da China Oriental, quanto o passado bélico do Japão. Até então, Xi se negava a receber Abe.
"Muitos países esperavam esta reunião entre o Japão e a China, e não apenas as nações asiáticas. Penso que demos um primeiro passo para melhorar as relações bilaterais", afirmou o premiê japonês. O chefe de Estado chinês, por sua vez, pediu que o Japão "siga o caminho do desenvolvimento pacífico e adote políticas militares e de segurança prudentes".
Durante outro encontro, Xi e a presidente sul-coreana, Park Geun-hye, anunciaram a concretização de um acordo bilateral de livre-comércio que negociavam desde 2012. Pequim é o maior sócio comercial de Seul e, para a China, a Coreia do Sul ocupa o terceiro lugar em volume comercial. De acordo com dados chineses, em 2013 as trocas entre os dois países somaram 274 bilhões de dólares.
A cúpula da Apec tem como pano de fundo a crescente rivalidade entre os EUA e a China por na disputa pelo modelo de integração comercial a ser seguido. Enquanto os chineses desejam avançar com a criação da Área de Livre-Comércio da Ásia-Pacífico (Alcap), os americanos querem concluir a Parceria Transpacífica (TPP), que negociam com outros 11 países, excluindo a China.
A Apec, fundada em 1989, é constituída pela Austrália, Brunei, Canadá, Chile, China, Coreia do Sul, EUA, Filipinas, Hong Kong, Indonésia, Japão, Malásia, México, Nova Zelândia, Papua Nova Guiné, Peru, Rússia, Cingapura, Tailândia, Taiwan e Vietnã. No conjunto, seus membros representam 57% do Produto Interno Bruto (PIB) global, quase metade do comércio mundial e 40% da população do planeta.
A TPP é formada por Austrália, Brunei, Canadá, Chile, Japão, Malásia, México, Nova Zelândia, Peru, Cingapura e Vietnã.
Obama anuncia relaxamento de visto
Num discurso de forte caráter econômico na capital chinesa, para mais de 1.500 empresários de 21 países, o presidente americano, Barack Obama, anunciou que seu país e a China alcançaram um acordo para relaxar a política de vistos para cidadãos americanos e chineses.
A permissão para turismo e negócios em ambos os países, até agora válida por um ano, passa a valer por até dez anos. Os estudantes terão direito a um visto de cinco anos. De acordo com estimativas, o número de visitantes chineses nos EUA, atualmente de 1,8 milhão por ano, deverá quadruplicar.
Obama procurou, ainda, dissipar a ideia de que o interesse dos EUA na Ásia deva ser motivo de preocupação para os líderes da China. O presidente saudou a ascensão global chinesa e afirmou que o futuro dos EUA está "indissociavelmente ligado à Ásia". Além disso, insistiu que a prosperidade de um país não tem de vir à custa de outro.
"Os EUA saúdam a ascensão de uma China próspera, pacífica e estável, disse o chefe de Estado democrata. "Nós queremos que a China tenha sucesso. [...] Competimos, mas também cooperamos."
Na embaixada dos EUA em Pequim, Obama organizou um encontro – sem a China – com 11 chefes de Estado que desejam que o acordo da Parceria Transpacífica seja assinado o mais breve possível. Entre os obstáculos para a conclusão do negócio, permanecem a objeção do Japão de abrir seu mercado para a competição estrangeira. Definindo o pacto como "modelo para o comércio no século 21 Obama reafirmou a intenção de "continuar a trabalhar para concluí-lo".
Observadores estimam que um encontro informal entre Obama e o presidente russo, Vladimir Putin, poderá ocorrer à margem da cúpula da Apec. Isso, embora na última semana Moscou tenha sinalizado não estar planejada nenhuma reunião entre os dois líderes. As relações entre a Rússia e os EUA estão abaladas desde o início da crise na Ucrânia.
FC/rtr/ap/dpa/afp/lusa