China anuncia aumento de 7% no orçamento de defesa
4 de março de 2017O governo chinês sinalizou neste sábado (04/03) que aumentará em cerca de 7% seus gastos com defesa neste ano, o incremento mais baixo em quase uma década, em meio à reestruturação das Forças Armadas e de desaceleração da economia do país, que cresce ao menor ritmo desde 1990.
O orçamento de defesa equivalerá a 1,3% do PIB chinês e aumentará em cerca de um bilhão de yuanes (148 milhões de dólares) em 2017, segundo o dado aproximado revelado pela porta-voz do Legislativo, Fu Ying.
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O primeiro-ministro, Li Keqiang, deve anunciar neste domingo o número definitivo. Se o aumento não superar 7,5%, será a segunda vez consecutiva que não se vê um incremento de dois dígitos.
Em 2016, o governo aumentou os gastos militares em 7,6%, o crescimento mais baixo em seis anos. No ano anterior, o incremento havia sido de 10,1%.
A porta-voz da Assembleia Nacional Popular (Parlamento) defendeu a necessidade de o país investir no Exército para proteger seus interesses e a segurança nacional, sem que isso signifique uma ameaça à estabilidade internacional. "A China nunca causou danos a ninguém, a nenhum país", disse.
Em linha com a porta-voz, o professor de Relações Internacionais da Universidade de Pequim Wan Dong considerou que o aumento anunciado é "moderado" e corresponde à desaceleração da economia chinesa e à reestruturação das Forças Armadas, lançada em 2015. O objetivo é reduzi-las a 300 mil militares até o fim deste ano.
Disputa com os EUA
A China continua sendo a segunda potência que mais investe em defesa, atrás apenas dos Estados Unidos. Parece ainda mais improvável que a lacuna entre os dois países diminua agora que o presidente americano, Donald Trump, anunciou que pretende aumentar em 10% os gastos militares nacionais.
Nos últimos anos, o país asiático adotou uma política assertiva no Mar do Sul da China, que inclui a construção de ilhas artificiais capazes de receber instalações militares em arquipélagos disputados pelos países vizinhos.
Washington acusa Pequim de ameaçar a liberdade de navegação na região, uma via marítima estratégica pela qual passa um terço do petróleo negociado internacionalmente, e envia regularmente navios e aviões militares para as proximidades das ilhas.
O futuro da região "dependerá das intenções e das atividades dos Estados Unidos na região que, de certa forma, estabelecem o barômetro para a situação aqui", disse Fu.
"Provavelmente, [Washington] preocupa-se sobretudo que a China alcance os EUA em termos de capacidade, mas nós somos um país em desenvolvimento", lembrou, referindo-se à "grande diferença" entre o poder bélico dos dois países.
LPF/lusa/efe