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Chefe da agência alemã para refugiados é demitida

16 de junho de 2018

Em meio a impasse com Merkel sobre imigração, ministro do Interior afasta Jutta Cordt da presidência do Bamf. Denúncias de irregularidades em concessões de refúgio a migrantes abalaram a credibilidade do órgão.

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Jutta Cordt, presidente do Bamf, e Seehofer ao fundo
Jutta Cordt, presidente do Bamf, e Seehofer ao fundo: demitida serviu de "bode expiatório", segundo críticosFoto: picture-alliance/dpa/K. Nietfeld

Em meio a escândalos de concessão ilegal de refúgio na Alemanha, o ministro alemão do Interior, Horst Seehofer, decidiu demitir a presidente do Departamento Federal para Migração e Refugiados (Bamf), Jutta Cordt, segundo revelou a imprensa do país nesta sexta-feira (15/06).

Um porta-voz do Ministério do Interior declarou que Cordt foi comunicada sobre sua demissão por Seehofer na última quarta-feira. O nome do novo presidente do órgão, que está atrelado ao ministério alemão, deve ser anunciado em breve, acrescentou o funcionário.

A chefe do Bamf – agência responsável por processar, analisar e autorizar ou recusar os pedidos de refúgio de migrantes que chegam à Alemanha – vinha sendo alvo de críticas desde a revelação de supostas irregularidades em concessões de refúgio no escritório da agência em Bremen.

Segundo as suspeitas, ao menos 1.200 autorizações de refúgio teriam sido concedidas sem qualquer base legal para estrangeiros que não preenchiam as devidas qualificações, muitos deles membros da etnia yazidi ou sírios. O foco das investigações é uma ex-funcionária do Bamf em Bremen, que teria recebido subornos para conceder as autorizações.

As denúncias datam de 2013 a 2016, sendo que Cordt só assumiu a presidência do departamento federal em 2017. Segundo a deputada alemã Linda Teuteberg, do oposicionista Partido Liberal (FDP), a presidente demitida serviu de "bode expiatório" no escândalo.

Já a deputada Andrea Lindholz, da União Social Cristã (CSU), mesmo partido de Seehofer, opinou que Cordt "fez um bom trabalho, mas substituí-la [na chefia do Bamf] é a única maneira de restabelecer a confiança para um novo começo".

A decisão do ministro alemão do Interior ocorre num momento de tensões com a chanceler federal alemã, Angela Merkel, sobre o tema imigração: enquanto ele quer endurecer as políticas migratórias e o controle das fronteiras do país, a chefe de governo se opõe à ideia.

Seehofer exige, como parte de um novo "plano diretor para a migração", que as forças de segurança nas fronteiras alemãs tenham o direito de recusar a entrada de refugiados sem documentos de identidade ou que já estejam registrados em outros países da União Europeia (UE). Ele também quer impedir o retorno ao país de migrantes cujos pedidos de refúgio tenham sido recusados.

Merkel, por sua vez, se recusa a aceitar os planos de seu ministro, pois teme que Bruxelas enxergue a medida como um ato unilateral da Alemanha e porque poderia piorar a situação de países como Itália e Grécia, já sobrecarregados.

Críticas à política migratória alemã

Mais cedo nesta sexta-feira, Seehofer afirmou ao jornal alemão Süddeutsche Zeitung que a chanceler federal causou uma "divisão na Europa" ao permitir a entrada de centenas de milhares de refugiados na Alemanha desde 2015.  Em 2017, o país processou mais pedidos de refúgio do que todos os outros Estados da UE combinados.

O ministro, que antes de assumir o cargo era governador da Baviera, foi um dos mais ferozes críticos à política migratória de Merkel, se manifestando em diversas ocasiões contra a abertura das fronteiras aos migrantes.

Neste ano, a questão migratória abriu um fosso entre os partidos de Seehofer e Merkel, a bávara CSU e a União Democrata Cristã (CDU), que há décadas formam uma única bancada parlamentar. O impasse ameaça, inclusive, uma possível ruptura na aliança.

Nesta sexta-feira, uma pesquisa de opinião do instituto Infratest-dimap revelou que a maioria dos alemães apoia o endurecimento das leis de imigração no país, em linha com os planos de Seehofer.

Segundo o levantamento, 62% dos entrevistados se disseram a favor de rejeitar a entrada de migrantes sem documentos nas fronteiras, enquanto 86% querem deportações mais rápidas dos refugiados cujos pedidos de asilo forem rejeitados.

EK/afp/dpa/rtr/dw

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