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Chanceler brasileiro se reúne com Lavrov e debate guerra

3 de junho de 2023

Mauro Vieira se encontrou com o ministro das Relações Exteriores russo em paralelo à conferência do Brics na África do Sul. De acordo com diplomacia russa, foram discutidos os esforços brasileiros para a paz na Ucrânia.

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Pessoas reunidas em torno de uma mesa. Ao fundo, uma bandeira do Brasil e uma da Rússia
Diplomacia russa divulgou foto do encontro entre Lavrov e VieiraFoto: Russian Foreign Ministry/dpa/picture alliance

O chanceler do Brasil, Mauro Vieira, se reuniu nesta sexta-feira (02/06) com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, na África do Sul. De acordo com a equipe de Lavrov, o tema debatido foram os esforços brasileiros para promover a paz na Ucrânia.

Durante a reunião, que ocorreu em paralelo à conferência de ministros dos países do Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) na Cidade do Cabo, "foi dedicada uma atenção especial aos esforços do Brasil para encontrar maneiras de resolver a situação na Ucrânia", informou a diplomacia russa.

Lavrov e Vieira discutiram, ainda segundo Moscou, em uma "atmosfera tradicionalmente amigável e construtiva", questões atuais relacionadas ao desenvolvimento das relações entre Rússia e Brasil, especialmente no que diz respeito aos seus componentes políticos, econômicos e comerciais.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem defendido com veemência a necessidade de pôr fim às hostilidades entre Rússia e Ucrânia e propôs a criação de um grupo de países para atuar como mediador entre os dois lados. Por outro lado, o petista vem sendo acusado por vários países ocidentais de tentar colocar "o agressor e o agredido" no mesmo nível.

Lula conversou com o presidente russo, Vladimir Putin, e com o presidente ucraniano Volodimir Zelenski, mas ainda não se encontrou pessoalmente com nenhum deles. Na recente cúpula do G7 no Japão, Zelenski não compareceu à reunião planejada com Lula.

Em abril, Lavrov esteve no Brasil e se encontrou com Mauro Viera e Lula.

Apelo a países ricos

Às margens da conferência, os ministros do Brics afirmaram  que "a atenção e os recursos" dos países ricos estão atualmente destinados a conflitos, em detrimento da erradicação da pobreza global.

"A atenção e os recursos de nossos parceiros mais ricos foram desviados e as agendas de nossas organizações multilaterais não respondem mais às necessidades e demandas do sul global", disse Naledi Pandor, ministra de Relações Internacionais e Cooperação da África do Sul, país que ocupa a presidência rotativa do Brics.

"Não podemos permitir que o conflito em uma parte do mundo substitua o objetivo de erradicar a pobreza global como o maior desafio global, então precisamos ver como podemos trazer a atenção e os recursos do mundo de volta a esse fato preocupante", destacou Pandor, em uma referência velada à guerra na Ucrânia.

"O sofrimento dos pobres está esquecido”, lamentou a ministra sul-africana, salientando que "erradicar a pobreza em todas as suas formas e dimensões, incluindo a pobreza extrema, é o maior desafio global e uma condição indispensável para o desenvolvimento sustentável".

Pandor também denunciou que "os países desenvolvidos não cumpriram seus compromissos com o mundo em desenvolvimento e estão sistematicamente tentando transferir a responsabilidade para o sul global".

Muitas pessoas reunidas em torno de uma mesa de reunião em forma de "L"
Reunião desta sexta também contou com a presença de países convidadosFoto: BRICS/AA/picture alliance

"Amigos do Brics"

Além de Pandor, Vieira e Lavrov, participam do encontro os ministros das Relações Exteriores da Índia, Subrahmanyam Jaishankar, e o vice-ministro das Relações Exteriores da China, Ma Zhaoxu.

Outros 15 chanceleres da África e do sul global, "amigos do Brics", foram convidados a participar da reunião desta sexta-feira, segundo a pasta de Pandor. Irã, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Cuba, República Democrática do Congo, Comores, Gabão e Cazaquistão enviaram representantes à Cidade do Cabo, enquanto Egito, Argentina, Bangladesh, Guiné-Bissau e Indonésia participaram virtualmente.

A sul-africana e seus homólogos confirmaram que o bloco está estudando fórmulas para abrir as portas a novos membros, embora reconheçam que ainda há trabalho a ser feito para ativar essa expansão.

Os ministros também devem discutir a cúpula de chefes de Estado e de governo do Brics que acontecerá em Joanesburgo de 22 a 24 de agosto, já marcada por dúvidas sobre a presença do presidente russo, Vladimir Putin, por ser alvo de um mandado de prisão expedido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI).

le (EFE, ots)