Centenas invadem enclave espanhol na África
26 de julho de 2018Mais de 600 migrantes africanos conseguiram entrar no território espanhol de Ceuta nesta quinta-feira (26/07) depois de terem transposto uma cerca dupla na fronteira com o Marrocos, atacando a polícia com lança-chamas improvisados e excrementos.
O assalto registrado na cerca de arame farpado de cerca de seis metros de altura é o maior ocorrido em Ceuta desde fevereiro de 2017, quando mais de 850 imigrantes entraram no território no decorrer de quatro dias.
O incidente coloca ainda mais pressão sobre a Espanha, que superou a Itália como o destino número um para os migrantes que cruzam o Mediterrâneo de barco. Mais de 19.580 pessoas já desembarcaram nas costas espanholas neste ano, segundo a Organização Internacional para Migração.
De acordo com a polícia espanhola, quase 800 migrantes – em maioria, rapazes da África Ocidental – invadiram a barreira dupla no amanhecer da quinta-feira, vindos do Marrocos. A polícia marroquina conseguiu deter parte deles, enquanto 602 conseguiram atravessar para o lado espanhol. Alguns foram detidos pela polícia espanhola entre as duas barreiras ou presos no topo da cerca e retornaram ao Marrocos.
Os migrantes subiram a cerca "de repente", segundo a polícia, atacando os policiais com "garrafas de plástico cheias de excrementos e cal viva, pedras e paus". Eles também utilizaram latas de spray como "lança-chamas" e serras elétricas para cortar a cerca. Policiais ficaram feridos no tumulto, alguns sofrendo queimaduras em seus rostos e braços.
A Cruz Vermelha em Ceuta afirmou no Twitter que 592 migrantes e 22 policiais necessitaram de atendimento médico, muitos teriam cortado mãos e pernas ao escalarem a cerca de arame farpado. Onze migrantes e quatro policiais foram levados para um hospital em Ceuta, segundo a entidade.
A televisão espanhola afirmou que os migrantes teriam surpreendido os policiais ao explorarem um ângulo morto das câmeras de segurança da cerca, que tem 8,4 quilômetros de extensão.
O novo ministro do Interior da Espanha, Fernando Grande-Marlaska, disse no mês passado que pretende "fazer todo o possível" para remover arame farpado de cercas de fronteira que cercam Ceuta e Melilha, outro enclave espanhol situado na fronteira norte do Marrocos.
Ambos os territórios são as únicas fronteiras terrestres da União Europeia com a África, atraindo migrantes que tentam alcançar o bloco.
MD/afp/dpa
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