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Protestos pelo clima reúnem centenas de milhares na Alemanha

24 de setembro de 2021

Às vésperas da eleição alemã, manifestantes pressionam por ações climáticas urgentes, em atos do movimento Greve pelo Futuro em centenas de cidades. "Votem, mas continuem cobrando", diz Greta Thunberg em Berlim.

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Greta Thunberg no protesto do Fridays for Future em Berlim
"Está mais claro do que nunca que nenhum partido político está fazendo o suficiente", disse Greta em discursoFoto: Markus Schreiber/AP/picture alliance

Centenas de milhares de manifestantes, incluindo a ativista sueca Greta Thunberg, saíram às ruas de várias cidades da Alemanha nesta sexta-feira (24/09), como parte dos protestos globais pelo clima convocados pelo movimento ambientalista Greve pelo Futuro (Fridays for Future).

As manifestações – as maiores encabeçadas pelo grupo desde o início da pandemia de covid-19 – visam exigir das autoridades mundiais ações urgentes contra as mudanças climáticas, cinco semanas antes da próxima conferência climática da ONU, a COP 26, na Escócia.

Na Alemanha, os atos ocorrem a apenas dois dias das eleições parlamentares, que elegerão o sucessor da chanceler federal Angela Merkel, após 16 anos à frente do governo alemão.

Em discurso no protesto em Berlim, em frente ao Reichstag, sede do Parlamento alemão, Greta destacou a importância do voto, mas também de se continuar cobrando os líderes eleitos por ações contundentes contra a crise climática.

"Está mais claro do que nunca que nenhum partido político está fazendo nem perto do suficiente. Nem mesmo seus compromissos propostos estão perto de estar em linha com o que seria necessário para cumprir o Acordo de Paris", declarou a fundadora do Greve pelo Futuro.

"Sim, devemos votar, vocês devem votar, mas lembrem-se que apenas votar não será suficiente. Devemos continuar indo às ruas", completou a adolescente sueca. "Se aprendemos alguma coisa com esta pandemia, é que a crise climática nunca foi tratada como uma emergência."

Protesto do Fridays for Future em Berlim
Os atos foram os maiores do movimento Greve pelo Clima desde o início da pandemiaFoto: Markus Schreiber/AP/picture alliance

Greta, de 18 anos, ainda apelou aos manifestantes para se transformarem em "ativistas do clima" e "exigirem uma mudança real", porque "a mudança agora não só é possível, como é urgentemente necessária". "Exigimos uma mudança. Nós somos a mudança", afirmou a ativista.

"Pressão nas ruas"

Segundo os organizadores, os protestos reuniram mais de 620 mil pessoas em mais de 470 cidades em toda a Alemanha, incluindo Hamburgo, Freiburg, Colônia e Bonn. Em todo o mundo, estavam previstos mais de 1.400 atos em mais de 80 países, segundo o Greve pelo Futuro.

Os manifestantes carregavam cartazes com dizeres como "Clima agora, dever de casa depois", "É o nosso futuro" ou simplesmente "Vote!". "Tenho certeza que os dinossauros também pensaram que eles tinham tempo", dizia outra faixa no ato na capital alemã.

Protesto do Fridays for Future em Berlim
"O Titanic não teria tido problema em 2021", diz um dos cartazes em BerlimFoto: Tobias Schwarz/AFP/Getty Images

A líder do braço alemão do Greve pelo Futuro, Luisa Neubauer, afirmou que o país, um dos maiores emissores de gases do efeito estufa do mundo, tem uma responsabilidade tremenda de dar o exemplo, enquanto se esgota o tempo para reverter tendências destrutivas ao clima.

"É por isso que estamos chamando este pleito de eleição do século", afirmou a ativista à agência de notícias AFP. Segundo ela, os protestos na Alemanha visavam justamente "criar pressão nas ruas" antes da votação no próximo domingo.

"Os partidos políticos não têm levado a catástrofe climática suficientemente a sério", afirmou Neubauer, acrescentando que os jovens não querem "mais desculpas" dos políticos mais velhos sobre o estado do mundo que vão deixar para trás.

Eleições do clima?

A disputa pela sucessão de Merkel está acirrada. Segundo sondagens, o Partido Social-Democrata (SPD), que concorre com o vice-chanceler Olaf Scholz, continua na liderança, mas sua vantagem vem diminuindo levemente nas últimas semanas.

Logo atrás vem o conservador Armin Laschet, da União Democrata Cristã (CDU) e da União Social Cristã (CSU), candidato de Merkel. Em terceiro lugar nas pesquisas aparece o Partido Verde, que concorre com a copresidente da legenda Annalena Baerbock.

Os três principais partidos disseram que pretendem implementar uma agenda voltada à proteção climática se forem eleitos, com os verdes apresentando o pacote de medidas mais ambicioso.

Annalena Baerbock, candidata dos verdes a chanceler federal, em protesto pelo clima em Colônia
Annalena Baerbock, candidata dos verdes a chanceler federal, participou do ato em ColôniaFoto: Jens Krick/Flashpic/picture alliance

Annalena Baerbock, que participou da manifestação do Greve pelo Futuro em Colônia, afirmou esperar que os protestos desta sexta deem a seu partido "ventos favoráveis" nas eleições. "O próximo governo tem que ser um governo do clima – isso só vai funcionar com uma legenda verde forte", disse a candidata ao jornal Die Welt.

Apesar do apoio vocal de Merkel às medidas de proteção climática, a Alemanha repetidamente falhou em cumprir suas metas de redução de emissões de gases de efeito estufa prometidas no Acordo de Paris sobre o clima.

Em uma decisão histórica em abril, o Tribunal Constitucional da Alemanha considerou que os planos do governo para reduzir as emissões são "insuficientes", o que ameaça os direitos fundamentais das próximas gerações.

Cerca de 60,4 milhões de alemães estão aptos a votar no pleito deste domingo, com a maioria dos eleitores citando a proteção do clima como uma de suas prioridades.

ek (AFP, Reuters, DPA, Lusa, DW)