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Casos de câncer sobem 80% entre população abaixo de 50 anos

6 de setembro de 2023

Estudo aponta aumento nos diagnósticos de câncer na faixa etária de 14 a 49 anos nas últimas três décadas. Mas as causas ainda não foram completamente compreendidas.

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Médica observa resultado de mamograma em monitor.
A previsão dos cientistas é de que os casos de câncer precoce devem aumentar mais de 31% em todo o mundo até 2030Foto: Rui Vieira/empics/picture alliance

O número de diagnósticos de câncer entre pacientes com menos de 50 anos aumentou em todo o mundo nas últimas três décadas, segundo um estudo publicado nesta quarta-feira (06/09), mas não é possível apontar com certeza os motivos que provocaram esse crescimento.

De acordo com a pesquisa, publicada na revista científica BMJ Oncology, os casos da doença entre pessoas de 14 a 49 anos subiram cerca de 80% entre 1990 e 2019, saltando de 1,8 milhão para 3,2 milhões de diagnósticos.

Embora especialistas tenham alertado que parte desse aumento seria proporcional ao crescimento da população, pesquisas anteriores já indicavam que o câncer se tornou mais recorrente entre as pessoas com menos de 50 anos.

O grupo internacional de pesquisadores responsável por este novo levantamento aponta que a má alimentação e o consumo de cigarro e álcool são os principais fatores de risco associados ao aparecimento de câncer na faixa etária estudada.

Mas "a razão para a tendência de alta de casos de câncer precoce ainda é incerta", ressaltaram os especialistas.

O estudo constatou que pouco mais de um milhão de pessoas com menos de 50 anos morreram de câncer em 2019, 28% a mais do que as mortes registradas em 1990.

Os tipos de câncer mais letais são o de mama, traqueia, pulmão, intestino e estômago. Entre esses, o câncer de mama foi o mais frequente entre os pacientes nos últimos 30 anos.

Os cânceres de próstata e o de nasofaringe, área localizada no encontro entre o nariz e garganta, apresentaram a maior aceleração no ritmo de aumento de casos. Já o câncer de fígado, por sua vez, teve queda de 2,9% ao ano.

Países desenvolvidos

Os pesquisadores utilizaram dados da Carga Global de Morbidade de 2019 e analisaram a ocorrência de 29 tipos diferentes de câncer em 204 países. Esse levantamento científico avalia a piora na saúde das populações em função de doenças ou lesões, por exemplo, e a sua correlação com fatores de risco.

A partir dessa análise, o estudo constatou que quanto mais desenvolvido é um país, mais casos de câncer precoce são identificados entre a população.

Isso sugere que países ricos com melhores sistemas de saúde são capazes de identificar os casos de câncer mais cedo, mas poucos fazem o rastreamento por tipos específicos de câncer entre a população abaixo de 50 anos.

O estudo também ressalta que, assim como a má alimentação, tabagismo e consumo de bebida alcoólica, fatores genéticos, sedentarismo e obesidade também podem contribuir para essa tendência.

A previsão dos cientistas é de que os casos de câncer precoce devem aumentar mais de 31% em todo o mundo até 2030, principalmente entre a faixa etária de 40 a 49 anos.

No entanto, os pesquisadores reconhecem que os dados sobre câncer informados por diferentes países são muito variáveis, uma vez que em países em desenvolvimento a subnotificação de casos e óbitos é mais comum.

Especialistas independentes, que não participaram da pesquisa, afirmam que o aumento mais lento no número de mortes comparado à velocidade do crescimento de casos se deve à melhora nos recursos para detecção e tratamento da doença.

Dorothy Bennet, pesquisadora da Universidade de Londres, alertou que a população mundial cresceu cerca de 46% entre 1990 e 2019, o que corroborou para uma parte do aumento dos casos de câncer precoce.

Ashleigh Hamilton e Helen Coleman, doutores pela Universidade de Queen's Belfast, disseram que compreender a causa desse crescimento nos diagnósticos é "crucial".

"Ainda não foi possível compreender totalmente os motivos que fomentam essa tendência ascendente de casos. Mesmo que fatores relacionados ao estilo de vida contribuam para esse cenário, outras condições têm sido estudadas, como o uso de antibióticos, a microbiota intestinal, a poluição do ar e a exposição a fatores de risco nos primeiros anos de vida", escreveram os pesquisadores em um texto editorial vinculado ao estudo.

jv (DW, AFP, EFE)