Capitã alemã vai processar ministro italiano por difamação
6 de julho de 2019A capitã alemã de um navio de resgate de migrantes irá processar o ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, por difamação, informou seu advogado nesta sexta-feira (05/07).
Carola Rackete, de 31 anos, da ONG Sea-Watch, foi libertada de sua prisão domiciliar na terça-feira após uma juíza arquivar as acusações de que ela teria colocado em perigo as vidas de funcionários italianos ao ignorar ordens para não aportar com uma embarcação cheia de migrantes no porto de Lampedusa.
Salvini, líder do partido ultraconservador Liga, repetidamente atacou Rackete, chamando-a de "pirata" e de "fora da lei". Ele também prometeu expulsá-la da Itália.
O advogado de Rackete, Alessandro Gamberini, disse que um processo está sendo montado. "Nós já preparamos esse caso contra o ministro Salvini", disse ele à Rádio Cusano Campus, acusando o ministro de incentivar o ódio.
Rackete foi alvo de ameaças de estupro e morte nas redes sociais.
"Um caso de difamação é uma maneira de enviar um sinal. Quando as pessoas são atingidas na carteira, elas entendem que não podem insultar pessoas gratuitamente", disse Gamberini em referência às multas que podem ser aplicadas caso Salvini perca o caso.
Salvini, também atua como vice-primeiro-ministro no governo de coalizão da Itália. Após a divulgação da ação, chamou Rackete de "alemã mimada”.
"Ela quebra a lei e ataca embarcações militares italianas, e aí me processa. Gângsteres não me assustam, quanto mais uma comunista alemã rica e mimada!", escreveu Salvini no Twitter.
Rackete ainda enfrenta a possibilidade de enfrentar acusações de auxiliar a imigração ilegal e de desrespeitar autoridades públicas, e será questionada na Sicília por magistrados na semana que vem. Seu barco Sea-Watch 3 foi apreendido enquanto a investigação continua.
Prisão
Carola Rackete havia sido detida em Lampedusa na madrugada do último sábado. Na ocasião, ela atracou sem autorização no porto da ilha para desembarcar 40 migrantes resgatados no dia 12 de junho no Mediterrâneo e que estavam há 17 dias no mar esperando um porto. Depois da detenção, ela foi colocada em prisão domiciliar.
Na terça-feira a juíza da província de Agrigento, Alessandra Vella, não revalidou a detenção de Rackete e negou aceitar o indiciamento por crime de "resistência e violência a uma embarcação de guerra", pelo qual a ativista tinha sido acusada por ignorar as ordens das autoridades e bater com sua embarcação em um navio militar.
A juíza concluiu que a capitã não cometeu nenhum ato de violência e deveria ser solta. Segundo a emissora de TV italiana Rai, a magistrada afirmou que Rackete estava "cumprindo seu dever de salvar vidas" quando decidiu aportar. A
JPS/rt/ots
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