Unidas pelo idioma alemão
2 de janeiro de 2007O título de capital cultural da Europa é ardentemente cobiçado. Além de prestígio, ele representa, para a cidade selecionada, substanciais verbas da União Européia, que possibilitam restaurar áreas históricas ou financiar projetos e programas culturais ambiciosos.
Em 2007, já se aplica uma regra que só se oficializará em 2009: a escolha simultânea de duas capitais culturais, respectivamente de um dos países fundadores e de um novo membro da UE. A escolha recaiu este ano sobre a romena Sibiu, tendo Luxemburgo como contraparte ocidental.
"As ligações entre as duas cidades vêm de longa data", comenta Klaus Johannis, prefeito de Sibiu, também conhecida como Hermannstadt. Nos séculos 11 e 12, muitas pessoas emigraram da região de Luxemburgo para a Transilvânia. Segundo Johannis, até os nossos dias os dois dialetos apresentam semelhanças.
Menos de 2% dos 170 mil habitantes de Sibiu são de origem alemã, porém muitas crianças romenas freqüentam escolas alemãs. E as peças de teatro no idioma germânico são muito apreciadas.
Experiência leste-oeste
Foi justamente em nome dessa tradição comum que a capital do grão-ducado de Luxemburgo propôs a cidade transilvana como sua parceira em 2007.
Para concorrer ao título de capital cultural européia, uma cidade tem que ser indicada por seu país e candidatar-se em Bruxelas. Uma comissão internacional independente examina as candidaturas e toma sua decisão com quatro anos de antecedência.
O júri compõe-se de dois membros do Parlamento Europeu, dois da Comissão Européia e um do Comitê das Regiões. Sua recomendação passa pelo Parlamento Europeu, que tem três meses para se decidir. A aprovação final cabe ao Conselho da UE.
Os jurados consideraram a candidatura dupla de Luxemburgo e Sibiu uma interessante experiência envolvendo o Leste e o Oeste europeu. O Ministério luxemburguês da Cultura apóia desde 1998 o restauro da parte histórica de Sibiu, e para 2007 estão planejados numerosos outros projetos comuns.
450 eventos em Luxemburgo
A responsável pela cooperação romeno-luxemburguesa, Anne Schiltz, registra 30 projetos envolvendo as duas cidades. O espectro é amplo: música, dança, filme e uma série de projetos para a juventude.
Luxemburgo, que já fora capital européia em 1995, iniciou seu ano cultural já em dezembro de 2006, com um grande espetáculo de fogos de artifício, concertos e espetáculos de rua.
A programação continua no novo ano, com cerca de 450 eventos de dança, teatro e arte. Como explica a ministra da Cultura de Luxemburgo, Octavie Modert, um terço destes projetos são transnacionais.
2010, ano de Essen
A Alemanha também se prepara para seu ano de glória. Em 2010, o Vale do Rio Ruhr será capital da cultura européia. A região, de tradição industrial, é hoje marcada pela indústria cultural.
Minas de carvão desativadas transformaram-se em locais para mostras e apresentações. Ciclovias passam agora por antigas instalações industriais, em parte transformadas em museus de indústria.
Representando toda a região, a cidade de Essen candidatou-se para o título, em nome de outros 53 municípios e províncias. Seu lema para 2010 é "Transformação pela cultura, cultura para a transformação".
Assim, toda criança que freqüenta a escola primária em Essen deverá aprender um instrumento de sua opção, de modo a poder, em 2010, tocar numa orquestra juvenil. A iniciativa, que faz parte do projeto Capital Cultural, se inicia no novo ano letivo e conta com cerca de dez milhões de euros da Fundação Cultural Federal alemã.