1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Cannes proíbe uso de burquíni

12 de agosto de 2016

Resort no sul da França veta uso de trajes de banho que cubram o corpo todo. Prefeito alega risco à ordem pública num momento em que o país é alvo de ataques terroristas.

https://p.dw.com/p/1JhFh
Mulher de burkini em praia da Austrália
Foto: Getty Images/M. King

A cidade de Cannes, no sul da França, baniu o uso dos chamados burkinis – roupas de banho que cobrem todo o corpo, inclusive a cabeça – em suas praias, alegando motivos de segurança.

O prefeito da cidade, David Lisnard, emitiu um decreto proibindo trajes de banho que não respeitem "os bons costumes e o secularismo". Ele afirma que roupas que "manifestem afiliação religiosa de forma ostensiva, num momento em que a França e seus locais religiosos são alvo de ataques terroristas, poderia colocar a ordem pública em risco".

Segundo uma autoridade municipal, a medida ficará em vigor até o fim de agosto, e quem violar a proibição está sujeito a uma multa de 38 euros.

Apesar de o decreto não usar explicitamente a palavra burquíni, o prefeito confirmou que o alvo é o traje de banho islâmico. Ele classifica o burquíni de "uniforme do islamismo extremista, e não da religião muçulmana".

"Trata-se de uma medida entre muitas outras para proteger a população no contexto do estado de emergência [na França] e de atos terroristas", disse em entrevista publicada nesta sexta-feira (12/08) no jornal Nice-Matin.

Lisnard afirmou ainda que a medida também pode ser aplicada aos sáris usados por banhistas indianas, porque a vestimenta pode atrapalhar salva-vidas no caso de uma emergência.

Estado laico

A proibição em Cannes é a última de uma série de medidas na França vistas como de exclusão ao islã – a segunda maior religião do país, em termos de seguidores –, em nome do Estado laico.

A legislação francesa já proíbe o uso de véus que cubram o rosto em qualquer local público, assim como véus que cobrem a cabeça em escolas públicas. Defensores da lei afirmam que o objetivo é preservar valores seculares e proteger as mulheres da opressão religiosa. Críticos, por sua vez, afirmam que a medida divide ainda mais a sociedade, e extremistas do grupo "Estado Islâmico" (EI) podem usá-la como justificativa para atacar a França.

Na semana passada, o prefeito de uma cidade nos arredores de Marselha proibiu um dia de banho para mulheres num parque local, alegando risco à ordem pública porque no dia em questão seria reservado a banhistas com burquínis.

Ativistas alertaram que a proibição em Cannes pode levar a uma alienação ainda maior dos muçulmanos na sociedade francesa. O Coletivo contra a Islamofobia no país disse que entrará com uma ação contestando a legalidade da medida no resort. A entidade pediu tolerância, lembrando que cerca de um terço das 85 vítimas do recente ataque terrorista em Nice, também no sul da França, era muçulmana.

LPF/ap/dpa