Político criticado por rir em visita às vítimas de enchentes
19 de julho de 2021O candidato a chanceler federal da Alemanha pela União Democrata Cristã (CDU) e atual governador do estado da Renânia do Norte-Vestfália, Armin Laschet, foi alvo de duras críticas após ser flagrado dando risada durante uma visita a uma das cidades devastadas pelas enchentes no oeste do país.
O incidente ocorreu no sábado (17/07) durante uma entrevista coletiva do presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, na cidade de Erfstadt, uma das áreas mais atingidas pelas enchentes e que foi palco de esforços dramáticos de resgate. Enquanto o presidente expressava suas condolências às vítimas, Laschet e um grupo de assessores eram vistos ao fundo conversando descontraidamente e dando risadas.
No dia seguinte, o democrata-cristão foi ao Twitter pedir desculpas e dizer que seu comportamento foi "inapropriado". "Agradeço ao presidente federal por sua visita. O destino das pessoas afetadas, sobre o qual ouvimos em muitas conversas, é importante para nós", escreveu. "Portanto, lamento ainda mais a impressão que surgiu de uma situação de conversação. Isso foi inapropriado e sinto muito."
O tabloide alemão Bild publicou que Laschet e sua comitiva não podiam ouvir o que Steinmeier estava dizendo aos repórteres, pois o áudio estava baixo. Mas a indignação se espalhou nas redes sociais e nos jornais de domingo, enquanto a chanceler federal alemã, Angela Merkel, visitava a região e classificava a situação como "catastrófica" nas áreas afetadas.
Laschet, do mesmo partido de Merkel, é o atual líder nas pesquisas de opinião pública para as eleições gerais de setembro.
Indignação nas redes sociais
A hashtag #Laschetlacht (Laschet ri, na tradução literal) foi um dos principais tópicos debatidos no Twitter, e o incidente foi arduamente discutido na mídia alemã. Os partidos de oposição criticaram veementemente o candidato democrata-cristão à Chancelaria Federal.
"A maneira como Armin Laschet está brincando nos bastidores enquanto o presidente Frank-Walter Steinmeier discursa às vítimas é sem decência e ultrajante", disse Lars Klingbeil, secretário-geral do Partido Social-Democrata (SPD), em entrevista à edição dominical do Bild.
"Dizem que em tempos de crise, o verdadeiro caráter de uma pessoa se revela", prosseguiu o social-democrata, acrescentando que, com o seu comportamento, Laschet havia "se desqualificado".
O Partido Liberal Democrático (FDP) também teceu críticas a Laschet. O vice-presidente dos liberais, Michael Theurer, disse que "gozar sem máscara enquanto o presidente expressa suas condolências às vítimas não faz jus à gravidade da situação".
Líder na corrida pela chefia de governo
Pesquisas de opinião recentes colocam Laschet bem à frente na corrida eleitoral para o cargo de chanceler federal da Alemanha, com a sua legenda conservadora tendo uma vantagem de quase dez pontos percentuais sobre os verdes.
A candidata do Partido Verde, Annalena Baerbock, inicialmente apontava no topo das intenções de voto, mas acabou por perder créditos após controvérsias sobre consideráveis imprecisões em seu currículo acadêmico e profissional, a sonegação de pagamentos especiais no Parlamento alemão e acusações de plágio em diversas passagens de seu livro. As alegações a derrubaram nas pesquisas.
O Partido Verde colocou a proteção do meio ambiente no centro de sua agenda política e de governo na Alemanha. O partido se alinhou a especialistas que conectam a crise climática a evento climáticos extremos – como as inundações devastadoras ocorridas nos estados da Renânia-Palatinado e Renânia do Norte-Vestfália, justamente o reduto de Laschet.
O tópico certamente será retomado na campanha eleitoral. Laschet tem sido acusado de não seguir políticas ecológicas a nível estadual na Renânia do Norte-Vestfália, mas em resposta às enchentes, ele disse que apoia a aceleração dos esforços para combater a mudança climática.
pv/ek (AP, DPA)