Campanha arrecada R$ 2,8 mi para família de policial alemão
4 de junho de 2024Uma campanha de arrecadação de fundos para a família de um policial alemão de 29 anos que foi assassinado durante um atentado na cidade de Mannheim na semana passada já havia arrecadado em torno de 500.000 euros (R$ 2,8 milhões) até a noite desta terça-feira (04/06) por meio da plataforma GoFundMe.
Os organizadores disseram em mensagem na página da plataforma que estavam "impressionados com o alto nível de boa vontade e simpatia", e que, após arrecadarem 100 mil euros, o restante das doações seria encaminhado para outras famílias de policiais que viveram situações semelhantes, assim como para outros policiais de Mannheim que interviram no atentado.
Nas primeiras 24 horas da campanha já haviam sido arrecadados 250 mil euros, sendo que o objetivo inicial da ação era atingir a meta de 20 mil euros.
O policial Rouven Laur havia sido gravemente ferido na última sexta-feira (31/05) após ser esfaqueado por um afegão que pouco antes havia atacado participantes de um comício de ultradireita. Laur morreu dois dias depois em um hospital. O episódio provocou comoção na Alemanha e marcou a primeira morte de um policial em pouco mais de dois anos no país.
Motivação extremista
Na segunda-feira, as autoridades alemãs disseram ter encontrado indícios claros de que o autor do atentado no centro de Mannheim era um extremista islâmico.
O ministro alemão da Justiça, Marco Buschmann, escreveu na rede social X na noite desta segunda-feira que "há agora indicações claras de motivação islamista no ataque ocorrido na última sexta-feira. Ele afirmou que "o islã tem lugar na Alemanha, mas o islamismo [ideologia política radical], não" e alertou que "o perigo representado pelo fanatismo religioso e pelo islamismo radical continua sendo grande".
O Ministério Publico alemão assumiu as investigações devido à sua "particular importância", explicou uma porta-voz do órgão. Ela disse que o agressor, um afegão de 25 anos que mora há mais de dez anos na Alemanha, é suspeito de ter agido para impedir que ativistas críticos ao Islã exercessem seu direito à liberdade de expressão.
O suspeito foi filmado enquanto esfaqueava cinco membros de um movimento anti-Islã chamado Pax Europa em um estande do grupo montado em uma praça no centro de Mannheim. Um dos alvos era o ativista de extrema direita e blogueiro Michael Stürzenberger. Em seguida, ele investiu contra o policial Rouven Laur que tentava ajudar um dos feridos, o atingindo nas costas e na cabeça, e somente foi detido após ser alvejado por outro policial.
O afegão responderá na Justiça pela morte do policial e mais cinco acusações lesões corporais graves e tentativa de assassinato
Suspeito não era conhecido da polícia
O secretario do Interior do estado de Baden Würtemberg, onde está localizada a cidade de Mannheim, disse que islamistas radicais que agem sozinhos são particularmente perigosos por não utilizarem ferramentas de comunicação em grupos, o que dificulta que eles sejam monitorados.
O afegão não tinha antecedentes criminais e não era conhecido da polícia. Segundo a agência de notícias alemã DPA, ele chegou à Alemanha em 2013 enquanto era adolescente e entrou com um pedido de asilo, que foi rejeitado em 2014. Mesmo assim, foi emitida uma proibição de deportação, provavelmente em razão de sua idade. Ele vivia anteriormente em Heppenheim, no estado de Hesse, com sua esposa e dois filhos pequenos.
A Alemanha está em alerta para possíveis ataques islamistas desde o início da guerra entre Israel e o grupo extremista Hamas na Faixa de Gaza, em 7 de outubro do ano passado. A agência de inteligência interna do país vem alertando que os riscos de tais ataques são "reais e maiores do que vinham sendo há muito tempo".
O país atravessa uma onda de agressões a políticos de várias vertentes nas semanas que antecedem eleições europeias, em 9 de junho.
Nesta segunda-feira, em torno de 8 mil pessoas compareceram a uma vigília em Mannheim em homenagem ao policial morto, O evento foi organizado por diferentes grupos da sociedade local, incluindo lideranças cristãs, muçulmanas e judaicas, além de políticos da região.
rc (AFP, dpa, Reuters, KNA)