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Cafeína pode proteger contra doença de Alzheimer?

15 de outubro de 2024

Novo estudo revela que pessoas que consomem menos cafeína correm maior risco de comprometimento cognitivo leve e de desenvolver doença neurodegenerativa progressiva que afeta adultos mais velhos.

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Grãos de café em torno de uma xícara da bebida
Cafeína, encontrada no café, chá, cacau e bebidas energéticas, estimula o sistema nervoso central, aumenta o estado de alerta e reduz a sonolênciaFoto: Andres Victorero/Zoonar/picture alliance

Uma pesquisa recente, publicada pela revista científica Alzheimer's & Dementia confirmou uma suspeita que já existia há algum tempo: o consumo de cafeína está relacionado a um menor risco de comprometimento cognitivo leve (CCL) ou de doença de Alzheimer.

A cafeína é uma substância encontrada no café, chá, cacau, bebidas energéticas, entre outros. É um composto químico conhecido por estimular o sistema nervoso central, além de aumentar o estado de alerta e reduzir a sonolência.

A doença de Alzheimer é uma doença neurodegenerativa progressiva que afeta principalmente adultos mais velhos, causada pelo acúmulo anormal de fragmentos das proteínas beta amiloide ou tau no cérebro. Esses acúmulos interrompem a comunicação das células cerebrais e as matam, o que gera deterioração cognitiva e perda de memória.

À medida em que a doença progride, as pessoas apresentam confusão, desorientação, fala arrastada, mudanças repentinas de humor ou de personalidade e perda da capacidade de realizar tarefas diárias. O Alzheimer não tem cura, embora existam tratamentos que aliviem os sintomas.

Grande parte das pesquisas realizadas anteriormente eram centradas em estudos observacionais e de metanálise. Contudo, no novo estudo – parte do projeto Baltazar, voltado para pesquisas sobre a doença de Alzheimer – foram coletados dados sobre as alterações biológicas que o consumo de cafeína pode causar no cérebro, particularmente no líquido cefalorraquiano (LCR).

Riscos do baixo consumo de cafeína

Os autores analisaram a ingestão de alimentos com cafeína durante cinco anos em 263 pacientes com mais de 70 anos e com comprometimento cognitivo leve ou Alzheimer, que também foram submetidos a exames de ressonância magnética e amostras de sangue e de LCR.

Os pesquisadores testaram o consumo de 200 miligramas de cafeína por dia, uma ingestão classificada como "baixa" e equivalente a uma lata de bebida energética ou cerca de duas xícaras de café. Qualquer consumo maior foi considerado "alto".

Os autores do estudo descobriram que aqueles que bebiam menos cafeína tinham quase 2,5 vezes mais probabilidade de serem diagnosticados com CCL, perda de memória ou Alzheimer, em comparação com os pacientes que tinham consumo de cafeína alto.

"Os nossos dados apoiam a associação do menor consumo de cafeína com um risco aumentado de amnésia, bem como com alterações prejudiciais nos biomarcadores de LCR em pacientes com CCL e Alzheimer", concluíram os cientistas.

O que acontece com as proteínas?

Da mesma forma, os pacientes com baixa ingestão de cafeína apresentavam maiores aglomerados de proteínas beta amiloides no cérebro, um sinal biológico de neurodegeneração e um conhecido precursor da doença de Alzheimer.

Segundo os pesquisadores, a proteína tau, que ao se acumular no tecido cerebral também piora os sintomas do Alzheimer, não foi afetada pelo consumo baixo ou alto de cafeína.

Embora o café expresso pela manhã ou o chocolate quente à tarde possam contribuir para o bom funcionamento do cérebro a longo prazo, isso não significa que as pessoas devam consumir bebidas ou alimentos com cafeína sem limites.

A hora do dia deve ser levada em consideração, pois a cafeína pode afetar o sono, fundamental para o bom funcionamento neurológico a longo prazo. Além disso, muitos chocolates ou bebidas energéticas contêm grandes quantidades de açúcar, o que também coloca em risco a saúde cognitiva.

rc (DW, ots)