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EconomiaBélgica

Bélgica adia abandono da energia nuclear

19 de março de 2022

Citando "ambiente geopolítico caótico", governo do país europeu anuncia que vai postergar por dez anos plano para fechar todos os seus reatores nucleares. Alemanha também enfrenta pressão para manter usinas.

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Tihange
A usina nuclear belga de Tihange. Fechamento foi adiadoFoto: Nicolas Maeterlinck/BELGA/picture alliance

A Bélgica anunciou na sexta-feira (18/03) pretende adiar até 2035 o abandono da energia nuclear no país, que inicialmente estava prevista para ocorrer 2025. O anúncio foi feito em meio à incerteza causada pelo aumento de preço da energia provocado pela invasão russa da Ucrânia. O governo local citou o "ambiente geopolítico caótico" para justificar a decisão.

"O governo federal decidiu adotar todas as medidas necessárias para prolongar em dez anos a vida dos dois reatores nucleares mais novos", escreveu o o primeiro-ministro belga, Alexander De Croo. no Twitter.

"Esta extensão deverá permitir reforçar a independência do nosso país face aos combustíveis fósseis, num contexto geopolítico caótico", acrescentou.

Alexandre De Croo anunciou, ao mesmo tempo, um "impulso" para as energias renováveis através de "investimentos adicionais" em energia eólica, hidrogénio, solar e mobilidade sustentável.

A nova estratégia do governo belga consiste em "prolongar durante dez anos" a vida útil dos reatores nucleares de Doel 4 (perto do porto de Antuérpia) e Tihange 3 (perto de Liège), ou seja, até 2035.

O Executivo liderado por Alexandre De Croo terá agora que negociar com o operador destas duas centrais nucleares, o grupo francês Engie.

No entanto, a empresa grupo expressou fortes reservas sobre esta mudança tardia de opinião do governo belga, através de um comunicado.

A Engie indicou que "vai contribuir para esta reflexão, estudando com o governo a viabilidade e as condições de implementação das soluções previstas nesta fase".

"A decisão de estender os reatores Doel 4 e Tihange 3 trazem importantes restrições de segurança, regulamentação e implementação, especialmente porque essa extensão ocorreria mesmo que as atividades de desmantelamento das unidades vizinhas já tivessem começado", lembrou o grupo francês.

A promessa para uma saída gradual da energia nuclear está consagrada na lei belga desde 2003.

O partido verde belga fez da eliminação da energia nuclear em 2025 uma condição para ingressar na coligação, politicamente frágil, de sete partidos, formada em 2020 para pôr fim à incerteza política que durou mais de um ano após as eleições.

No entanto, a invasão russa da Ucrânia em 24 de fevereiro fez disparar os preços da energia e este partido ambientalista já indicou que está disposto a considerar um cenário alternativo.

A Alemanha, principal economia da União Europeia (UE), também enfrenta pressões para rever seu plano de abandonar a energia nuclear, apesar de essa possibilidade ter sido descartada na semana passada por ministros do governo do chanceler federal Olaf Scholz.

A UE está em busca de alternativas para reduzir sua dependência energética da Rússia, responsável pelo fornecimento de 40% das necessidades de gás do bloco, principalmente de Alemanha, Itália e países da Europa central.

Enquanto isso, a França produz cerca de 70% de sua energia em usinas nucleares e planeja construir mais reatores.

jps (AFP, Lusa, ots)