Burle Marx: "Uma vontade de beleza"
Exposição em São Paulo revela facetas artísticas de um dos mais famosos paisagistas brasileiros. "Roberto Burle Marx: Uma vontade de beleza" reúne 80 obras que vão da pintura ao design de joias.
Artista prolífico
Conhecido por sua participação em projetos paisagísticos icônicos, como o Aterro do Flamengo no Rio de Janeiro, Roberto Burle Marx também foi um artista plástico prolífico. Em cartaz na Pinacoteca do Estado de São Paulo, a retrospectiva "Uma vontade de beleza" reúne cerca de 80 obras, entre pinturas, desenhos, projetos, joias e tapeçarias. Na foto, a pintura "Guaratiba", de 1989.
Obra pouca difundida
"Apesar de ser muito conhecido por sua atuação paisagística e ser um dos nomes mais repetidos na historiografia da arte no Brasil, a obra dita 'plástica ' de Burle Marx ainda é pouco difundida. O visitante pode olhar as obras e descobrir suas atividades paisagísticas e botânicas dentro dessa produção", disse o curador Giancarlo Hannud à DW Brasil. A foto traz "Retrato de Gene Berendt", de 1942.
Mãe pernambucana, pai alemão
Nascido em São Paulo em 1909, Burle Marx cresceu na Villa Fortunata, um dos famosos casarões da Avenida Paulista, onde teve contato com enorme variedade de flores e plantas. Sua mãe, Cecília Burle, foi uma musicista pernambucana. Seu pai, Wilhelm Marx, foi um alemão de origem judaica, nascido em Stuttgart e criado em Trier, cidade natal de Karl Marx, primo de seu avô. Foto: "Sem título", 1979.
Anos berlinenses
Aos 19 anos, o futuro artista e paisagista teve um problema de visão. A família decidiu se mudar para Berlim em busca de tratamento. Na efervescência cultural da capital alemã, ele entrou em contato com os movimentos europeus de vanguarda, decidindo estudar pintura depois de conhecer a obra, entre outros, de Hans Arp e Paul Klee. Foto: "Sem título", 1979.
Magia tropical
Além dos museus, o jovem Burle Marx também era frequentador assíduo do Jardim Botânico de Dahlem, em Berlim. Na Europa, a sua paixão pela natureza continuou a se desenvolver como parte integrante de seu trabalho. Ele era especialmente fascinado pela flora tropical brasileira, cujos elementos permeiam todo o seu trabalho. A foto mostra obras na retrospectiva da Pinacoteca do Estado de São Paulo.
Grandes mestres
Ao voltar ao Brasil, em 1930, ele passou a colecionar plantas tropicais e a frequentar a Escola Nacional de Belas-Artes no Rio de Janeiro, com professores como Portinari e Leo Putz. Na década de 1930, sua pintura foi fortemente influenciada pelo expressionismo, com cores fortes e acentuado viés psicológico em retratos, paisagens e naturezas-mortas. Na foto: "Fuzileiro com roupa vermelha", 1938.
Parques e jardins
Nesse período, ele começou também a trabalhar como paisagista. Em 1934, assumiu a diretoria de Parques e Jardins do Recife. Nas próximas décadas, seu trabalho paisagístico se tornou cada vez mais importante, realizando obras também fora do Brasil. Paralelamente, ele continuou a desenvolver a sua diversidade artística. Na foto: "Sem título", 1987.
Sem título, 1971
No final da década de 1940, o artista começou a reunir a sua coleção em um sítio que, a partir de 1973, passou a ser a sua principal residência. Além de um acervo artístico reunido em mais de 80 anos, a propriedade, hoje conhecida como Sítio Burle Marx, também conta com enorme variedade botânica.
Comunicação pela beleza
O título da exposição "Uma vontade de beleza" vem de uma citação de Burle Marx que, ao comentar a arte popular brasileira e os artistas que a realizam, disse que estes, apesar de viverem nas condições mais adversas, sempre buscam "a comunicação através de uma vontade de beleza", explicou o curador. Na foto: "Sem título", 1984.
Roberto Burle Marx
Burle Marx morreu em 1994 no Rio de Janeiro como um dos mais importantes paisagistas do século 20. A retrospectiva "Roberto Burle Marx: Uma vontade de beleza" está em cartaz na Pinacoteca do Estado de São Paulo até 22 de março de 2015.